O painel da Rio Oil & Gas sobre o desenvolvimento da rede de fornecedores, realizado dia 18/09/2012, foi moderado por Luiz Mendonça, da ONIP. Os conferencistas apresentaram um cenário de desafios para o fornecimento de conteúdo local. A situação mudou de patamar e será necessário desenvolvimento novos fornecedores para atender uma demanda estimada de US$ 35 bilhões ao ano, nos próximos anos. Um fornecimento local de 40% representa um mercado para empresas locais no valor de US$ 14 bilhões.
Essas empresas precisam ser criadas para ofertar produtos e serviços competitivos em relação ao mercado internacional. Para isso iniciativas, como o Parque Tecnológico do Rio, serão necessárias.
A importância dos centros de tecnologia
Conferencista: Paulo Sérgio Rodrigues Alonso – Coordenador Executivo do Prominp – Petrobras.
O Parque Tecnológico do Rio, criado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), está localizado na Ilha da Cidade Universitária, tem o objetivo de estimular a interação entre a universidade – seus alunos e corpo acadêmico – e empresas que fazem da inovação o seu cotidiano. São 350 mil metros quadrados, destinados a abrigar empresas de setores intensivos em conhecimento, com prioridade para as áreas de energia, meio ambiente e tecnologia da informação. É um ambiente de convivência entre empresários, pesquisadores e estudantes de graduação e pós-graduação. Estimula o empreendedorismo entre os alunos, gera programas de estágio, garante às empresas um acesso privilegiado a laboratórios, profissionais de alta qualificação e novas oportunidades de negócios.
Incubadora de empresas
A Incubadora tem como objetivo principal o apoio à formação de empresas de base tecnológica nas áreas de atuação de grupos de pesquisas da UFRJ. Durante três anos, as empresas selecionadas contam com assessoria integral e permanente, serviços e infra-estrutura completos para o seu desenvolvimento inicial.
Empresas do Parque tecnológico do Rio
Sistemas subsea: Baker Hughes; FMC Technologies; Halliburton.
Estruturas de aço, tubulares e dutos: Tenaris; Usiminas; V&M.
Engenharia de sistemas, centros de operações e logística: ESSS – Engineering Simulation and Scientific Software; Virtualy – Tecnologia de Sistemas; Ilos – Instituto de Logística e Supply Chain; Inovax.
Dispositivos filtrantes: PAM.
Gerenciamento de projetos e soluções de engenharia: Schlumberger; BG Group;
Siemens – Chemtec. GE; EMC2.
Sistemas de monitoramente e proteção ambiental: Ambidados; Ambipetro; Acquamet.
Sistemas de qualidade: Maemfe
Visão das operadoras sobre supridores de bens e serviços
Conferencista: Antonio Carlos Megliani Guimarães – Diretor do IBP e Gerente de Coordenação Upstream Brasil da Shell.
A situação atual é muito diferente de 2005 quando o desafio era utilizar a capacidade de fornecimento existente para atender demandas de um investimento na faixa dos US$ 6 bilhões. Os fornecimentos locais chegaram a 50%, ou seja, cerca de US$ 3 bilhões. Em 2011 os investimentos ficaram na faixa dos US$ 30 bilhões e os fornecimentos locais ficam em torno dos 30%, ou seja cerca de US$ 9 bilhões. Na realidade ocorreu um avanço muito significativo, em seis anos ampliamos em três vezes os fornecimentos locais. Ampliar o fornecimento local nesta próxima fase implica na criação e expansão de empresas que possam ofertar produtos e serviços capazes de competir no mercado mundial.
O desafio é criar fornecedores para atender a demanda de investimentos de US$ 35 bilhões ao ano nos próximos anos. Atingir 40% de fornecimento local representa suprir US$ 14 bilhões ano. A curva da demanda cresce mais rápido que a curva da oferta e se a oferta não for competitiva podemos repetir o cenário dos anos 70.
Já existem muitos diagnósticos e estudos realizados e o momento atual de estabelecer uma ação com o foco nas soluções que podem ser implementadas. O desenvolvimento de um projeto de produção offshore leva de seis a oito anos. Geralmente a avaliação para tomar a decisão de investimento dura de dois a três anos para então iniciar uma ação de consulta a fornecedores Seria recomendável encurtar o tempo para acelerar a identificação e até a criação de fornecedores. Para isso é necessário observar três situações essenciais: a consistência das políticas públicas de conteúdo local em relação à criação de novos fornecedores; a existência de escala comercial para a operação ser competitiva internacionalmente e o foco para identificar e suprir necessidades (gaps) de tecnologia.
Perspectiva e experiência de empresas âncoras da rede de fornecedores
Conferencista: Paulo Falcão – Gerente Geral de Suprimentos – Siemens
A Siemens atua no fornecimento de sistemas, módulos e serviços. A divisão de óleo e gás oferece turbinas de geração e sistemas de compressão. Com a aquisição da Chemtec passou a desenvolver projetos e atender a demanda por serviços de engenharia.
A partir deste ponto de vista podemos identificar que existe uma situação limite na oferta de recursos humanos qualificados, com aumento de preços que produzem impactos no final da cadeia de suprimentos.
Empresas fornecedoras estão trabalhando no limite da sua capacidade de oferta com ocorrências de atrasos e perda de qualidade. Para agir na superação desta situação estamos investindo US$ 600 milhões de dólares no Parque Tecnológico do Rio para estimular a criação de fornecedores e aprimorar os fornecimentos em empresas de médio e pequeno porte na nossa rede de suprimentos.
Notamos hesitação para a realização de investimentos em preparação antes de ter o contrato assinado. Nas empresas estrangeiras que buscam se instalar no Brasil, para aproveitar as oportunidades com fornecimentos locais, notamos que existem dificuldade em compreender o sistema tributário, dificuldade e avaliar bases de custos, a falta de pessoal qualificado e um custo de logística mais elevado. Os custos de transporte hidroviário na Europa, por exemplo, é um terço do preço no Brasil.
Estratégia de implantação local de indústria para setor de óleo e gás
Conferencista: Aloísio da Nóbrega – Diretor de Promoção e Atração de Investimento – Agência Gaúcha de Desenvolvimento Industrial – AGDI
A implantação de indústrias para a rede de fornecimentos de petróleo e gás o Estado tem o papel de realizar o planejamento da localização geográfica das empresas, planejar a oferta e sistemas de treinamento de pessoal, planejar com as Federação das Indústrias o melhor aproveitamento possível do parque produtivo existente, incluindo a identificação de capacidades produtivas similares que possam ser aproveitadas para a produção de nova linha de produtos.
Um dos exemplos do planejamento realizado no Rio Grande do Sul foi a cessão uma faixa do caís do Porto de Rio Grande que possibilitou a implantação da Quip que vem realizando a integração de módulos de produção em plataformas do tipo FPSO. A identificação de áreas de frente para o mar com águas protegidas e uma profundidade (calado) de até 15 metros foram selecionadas para a implantação de estaleiros. Para outras atividades, por exemplo, a construção de módulos, áreas ao longo do Rio Grande oferecem profundidades de seis metros que atende embarcar os módulos em barcaças para transporte até o estaleiro que realiza a integração com a plataforma