ABB fechou contrato de US$ 160 milhões para fornecer o pacote elétrico a sete navios-sonda que vão ser usados em perfurações do pré-sal, na Bacia de Santos. O contrato será um dos maiores da divisão industrial da ABB na região, em 2013, e terá relevância em termos de nacionalização de equipamentos, informou o diretor da Divisão de Automação e Processos da ABB no Brasil, Ricardo Hirschbruch, em entrevista ao Valor.
A entrega acontecerá de 2013 a 2018. O primeiro sistema elétrico terá 52% de componentes fabricados no Brasil, índice que chegará a 70% no último navio. Hirschbruch afirma que essa venda será importante na estratégia de viabilizar linhas de produção que voltaram a ser instaladas no Brasil. No ano passado, a ABB abriu uma unidade em Sorocaba (SP) para fabricar motores, geradores e acionamentos, entre outros equipamentos de baixa tensão. Nos anos 90, a ABB fez uma racionalização e a fabricação desses equipamentos foi concentrada em poucas unidades no mundo, para ganhar escala e aumentar a competitividade. O Brasil passou a importar essas máquinas, disse o diretor. “A vantagem é que para voltar a fabricar não é um pulo do zero, a gente já tinha uma base e pessoas capacitadas aqui”.
Hirschbruch admite que a competitividade do produto brasileiro ainda não está em níveis internacionais, mas afirma que a ABB conseguiu chegar a um bom equilíbrio para atender a demanda crescente por nacionalização, do setor de petróleo e de outros setores. “Sem dúvidas, fabricar no Brasil não é a solução mais barata na maioria dos casos, mas conseguimos algumas vantagens em relação a mão de obra e sinergias com outras atividades”.
Segundo o diretor, os motores, geradores e acionamentos dos sistemas de energia serão fornecidos pela unidade de Sorocaba. Os transformadores virão, para os primeiros navios, da Suíça e, depois, vão ser fabricados pela outra unidade da ABB, em Guarulhos (SP). Já componentes específicos, como acionamentos especiais e resistores de frenagem, serão trazidos respectivamente de Cingapura e da Alemanha.
Os navios (Guaraoari, Camburi, Itaoca, Itaunas, Siri, Sahy e Arpoador) serão construídos pelo estaleiro Jurong Aracruz, no Espírito Santo. Eles serão operados pelas norueguesas Odfjell e Seadrill e serão afretados para a Petrobras por 15 anos. O diretor da ABB lembra ainda a importância do relacionamento com o estaleiro para a empresa vencer esse contrato. “Nós fizemos os últimos dez fornecimentos para a Jurong em outros países, principalmente da Ásia”.
A ABB não revela faturamento por país. No acumulado dos nove primeiros meses de 2012, a empresa faturou globalmente US$ 28,3 bilhões. Na região “Américas”, a receita chegou a US$ 2,7 bilhões no período. A companhia irá divulgar ainda este mês os resultados consolidados do ano passado. No ano fechado de 2011, a companhia faturou US$ 38 bilhões, no mundo, e US$ 9 bilhões nas Américas.