Fretes marítimos e aluguéis de equipamentos são itens preocupantes na balança de serviços

  • 07/03/2013

Pode-se acusar a imprensa de ser negativista, mas jamais de esconder a verdade. Se há algo que preocupa, são os números do relacionamento do Brasil com o exterior, a começar pelos seguidos recordes (negativos) batidos com o gasto de turistas no exterior, em contraposição a minguada entrada de estrangeiros.

Em fretes, algo pior acontece: como o país não tem sequer um navio de bandeira nacional nas rotas externas, tudo é transportado por embarcações estrangeiras, ou seja, há um déficit grande e, pior, crescente.

Em 2011, o déficit de serviços foi de US$ 37,9 bilhões e, em 2012, subiu para US$ 41,1 bilhões. O detalhamento mostra: aluguel de equipamentos – US$ 18,7 bilhões negativos; turismo – US$ 15,6 bilhões no vermelho; transportes – US$ 8,8 bilhões, igualmente negativos; computação e informação – US$ 3,8 bilhões de perda; e, em serviços governamentais, déficit de US$ 1,4 bilhão. Não é à toa que, no ano passado, o país teve déficit de US$ 54,246 bilhões em suas transações correntes com o exterior, o equivalente a 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB); esse valor é quase US$ 2 bilhões acima da perda de 2011. Afinal, só de remessa de lucros e dividendos, foram enviados ao exterior US$ 24,2 bilhões – total inferior ao número estratosférico de 2011, de US$ 38,1 bilhões, mas ainda assim relevante.

E como é coberto o déficit em conta corrente? Com o ingresso de Investimento Estrangeiro Direto (IED), que foi de US$ 65,2 bilhões em 2012. Só que esse investimento pertence a terceiros e tanto vai gerar juros, dividendos e royalties, como um dia poderá voltar para as matrizes. Assim, o déficit é coberto com o IED, que é uma espécie de empréstimo, pois trata-se de dinheiro que não pertence ao país. Se há algo concreto, este é o saldo do comércio exterior. Em 2012, a exportação, de US$ 242 bilhões, gerou um superávit de US$ 19,4 bilhões, dinheiro que vai direto para os cofres da nação. O resultado é positivo, só que 34% inferior ao saldo obtido em 2011. Assim, pode-se dizer, com exatidão, que o setor externo da economia, que tem ficado fora do noticiário, também preocupa à sociedade.

Syndarma
Após quase cinco anos no cargo, Roberto Galli deixou a vice-presidência executiva do Sindicato Nacional das Empresas de Navegação Marítima (Syndarma). Seu substituto é Luis Fernando Resano, que atuava na Associação Brasileira de Terminais Portuários (Abtp). Galli continua no Syndarma, atuando na área de relações institucionais.

Fonte: Monitor Mercantil – Sergio Barreto Motta
07/03/2013|Seção: Notícias da Semana|Tags: |