Apesar do emprego na indústria crescer a passos lentos, mas de maneira contínua, a massa salarial real do setor caiu 0,8% no primeiro trimestre do ano na comparação com o último de 2012, após três anos ininterruptos de expansão nesse comparativo, já descontados os efeitos de calendário.
O resultado indica que, apesar de mais postos de trabalho terem sido abertos no período, parte dos salários começou a estagnar ou mesmo cair. Tanto que o rendimento médio dos trabalhadores da indústria também recuou ligeiramente, com queda de 0,1% nessa comparação, após 27 meses consecutivos de expansão.
Embora existam sinais de melhora do desempenho do setor industrial, essa recuperação ainda é lenta, gradual e sujeita a interrupções, na avaliação da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Os indicadores industriais divulgados nesta quinta-feira pela entidade mostraram uma recuperação no faturamento de março em relação a fevereiro e na comparação com o mesmo mês de 2012, mas o primeiro trimestre deste ano foi pior que o último do ano passado.
O faturamento real da indústria cresceu 3,6% na comparação entre março e fevereiro e registrou um aumento de 0,2% em relação ao mesmo mês de 2012. Mas em relação ao período outubro-dezembro do ano passado, as vendas nos primeiros três meses deste ano caíram 2,4%. As horas trabalhadas na produção cresceram 0,7% ante fevereiro, mas tiveram queda de 3,3% ante o terceiro mês de 2012.
“Temos um crescimento de faturamento e das horas trabalhadas no mês reforçando a recuperação, mas ainda é um movimento incipiente. A estagnação persiste e a indústria ainda não encontrou o seu caminho”, afirmou o gerente executivo de Pesquisa da CNI, Renato da Fonseca.
Segundo o gerente, como a indústria ainda não conseguiu consolidar sua recuperação, os investimentos no setor também não voltaram. Fonseca destacou a concorrência com produtos importados e alertou que o aumento da taxa básica de juros para conter a inflação será uma dificuldade a mais para que o setor mantenha sua trajetória de recuperação. “Estamos ainda em situação de risco de vermos abortado esse crescimento”, completou.
O economista da CNI Marcelo de Ávila ressaltou que, embora estejam crescendo, os indicadores da indústria têm apresentado interrupções frequentes entre os meses. Já nas horas trabalhadas e no nível de utilização da capacidade instalada, a recuperação nos três primeiros meses de 2013 não foi suficiente para reverter a queda registrada desde o início do ano passado.