BRASÍLIA – Ainda que ações estratégicas da Petrobras tenham impacto negativo para União, estados e municípios, a presidente da empresa, Maria das Graças Foster, tem carta branca do Palácio do Planalto para usar os meios que avaliar necessários para sanear as contas da empresa e apresentar retorno aos acionistas da companhia.
Graça mantém conversas semanais com a própria presidente Dilma Rousseff, dispensando intermediários e neutralizando eventuais pressões político-partidárias na tomada de decisões. A exceção é a decisão sobre reajustes de combustíveis, que tem de ser avaliada sob a ótica da inflação.
Essa independência, se por um lado pode agradar muitos acionistas da empresa, por outro eleva o risco de a executiva e a estatal colecionarem desafetos em Brasília, como os quase 200 deputados que até a semana passada garantiram assinaturas suficientes para instalar uma CPI para investigar negócios da Petrobras no exterior.
A cotação de Graça no Planalto disparou no mês passado, quando, diante de uma situação complexa de caixa que a empresa atravessa, a Petrobras conseguiu captar US$ 11 bilhões em empréstimos no mercado internacional. Esse trabalho de reconquista de credibilidade financeira, desempenhado por Graça à frente da Petrobras ao longo do último ano, é visto com bons olhos pelo governo.
O privilégio de flanar sobre as pressões políticas à frente da estatal, porém, pode ficar ameaçado nos próximos meses. Diante da proximidade das eleições de 2014, a Petrobras será cobrada a acelerar os investimentos nas refinarias Comperj (RJ), Abreu e Lima (PE), Premium 1 (CE) e Premium 2 (MA).
Para muitos parlamentares, essas iniciativas — com forte impacto nas economias regionais e na opinião pública — estão vagarosas demais e poderão até travar de vez, se não deslancharem antes da campanha eleitoral.