Para um Brasil mais competitivo

  • 26/07/2013

São muitos os desafios enfrentados atualmente pela humanidade, num cenário global em que o aumento da concorrência e a aceleração do ciclo de vida dos produtos se somam às dificuldades impostas por um quadro econômico que ainda se recupera de recentes crises mundiais. Esse contexto tem levado diversos países e empresas a dedicar maior atenção ao desenvolvimento de novos projetos e soluções inovadoras. Inovação é hoje considerada um fator essencial para eliminar gargalos e criar importantes diferenciais competitivos, bem como promover crescimento econômico sustentável.

É para essa direção que apontam as percepções de milhares de executivos em todo o mundo. O cenário brasileiro para a inovação é considerado positivo por 30% dentre mais de três mil líderes de negócios em 25 países, incluindo 200 empresários brasileiros. O dado, captado pelo estudo Barômetro de Inovação 2013 – Capítulo Brasil, realizado pela Edelman Berland a pedido da GE, coloca o Brasil em 17º lugar no ranking mundial da inovação. A pesquisa, que será divulgada ao público em 1º de agosto, mostra ainda que 43% dos executivos brasileiros avaliam que o país conta com um ambiente que apoia a inovação.

Isto significa que o Brasil tem conquistado um reconhecimento cada vez maior da comunidade mundial por ter um ecossistema de inovação significativo. Essas possibilidades podem ser multiplicadas se levarmos em conta a capacidade do país para promover a chamada inovação colaborativa, em que pequenas e médias empresas e pessoas físicas também podem participar desse processo. Para 93% dos líderes de negócios locais, ambos os segmentos podem ser tão inovadores quanto companhias de grande porte.

O apoio governamental à inovação ainda é considerado ineficiente pela maior parte dos nossos executivos

A constatação de que a inovação é, de fato, uma prioridade estratégica para as empresas nacionais, conforme indicam 95% dos executivos brasileiros entrevistados, também é extremamente encorajadora. A expectativa é de que esse pensamento se traduza nas próximas décadas em produtos, serviços e processos mais avançados, capazes de aumentar a produtividade, priorizando soluções sustentáveis e com reduzido impacto ambiental.

O apoio governamental ao tema ainda é considerado ineficiente pela maior parte dos nossos executivos. Lutar contra a burocracia na hora de buscar recursos e incentivos para inovar é uma prioridade alta para 84% dos entrevistados brasileiros. Outro ponto crítico é a qualidade do sistema educacional, que tem como desafio oferecer um modelo de ensino forte e adequado para preparar os líderes do futuro. Ao apontar as prioridades nesse quesito, 81% consideram fundamental promover a cultura empreendedora no sistema educacional, enquanto 70% indicam que é preciso melhorar o alinhamento entre o currículo oferecido aos estudantes e as necessidades das empresas. Afinal de contas, nossas empresas são formadas por pessoas e, se quisermos inovar com sucesso, precisamos atrair, formar e reter pessoas inovadoras.

O Brasil passou a endereçar o tema de forma estratégica e abrangente e busca remover obstáculos à ampliação da inovação. Nos últimos anos, o país se mostrou competente em conquistar investimentos de diferentes empresas para a criação de novos centros de pesquisas. Em março deste ano, a presidente Dilma Rousseff anunciou o “Inova Empresa”, com recursos na ordem de R$ 32 bilhões para inovação. A combinação de medidas como estas, baseadas na parceria entre o poder público e a iniciativa privada, possibilita intensificar o desenvolvimento do ecossistema de inovação em solo nacional, com a geração de soluções voltadas especificamente para atender as necessidades locais, mas que podem ganhar o mundo.

Este é o significado do conceito que na GE chamamos de “inovação reversa”, gerar inovação localmente, para atender necessidades locais, mas de forma conectada à rede global de inovação, com a possibilidade de ser implementada também em outros mercados, saindo do tradicional modelo em que inovação ocorria apenas em países ditos desenvolvidos. Um exemplo de inovação reversa no Brasil foi o desenvolvimento de uma turbina derivada daquelas utilizadas em um avião Boeing 747 adaptada para gerar energia elétrica a partir do etanol extraído da cana-de-açúcar. O Brasil tem totais condições de liderar um movimento transformador na América Latina e no mundo, também estreitando a cooperação não apenas com seus vizinhos, mas também com China e Índia, entre outros.

É preciso que a evolução do ecossistema brasileiro de inovação ofereça cada vez mais espaço à pesquisa, ao surgimento de novas tecnologias, à geração de produtos e processos que propiciem maior qualidade, produtividade e competitividade à nossa indústria, bem como velocidade e eficiência com sustentabilidade aos grandes projetos de infraestrutura em andamento. Para superar os desafios do país precisamos de inovação, educação e excelência em gestão. Temos um bom entendimento da questão, mas precisamos manter o diálogo e reforçar a colaboração entre governo, setor privado e academia para superar obstáculos e continuar avançando.

Fonte: Valor Econômico/Adriana Machado
26/07/2013|Seção: Notícias da Semana|Tags: , , |