A gestão do argentino Julián Alberto Eguren à frente da Usiminas parece surtir os primeiros efeitos positivos, depois de um ano e meio desde que ele assumiu o comando, e começa a ganhar a confiança do mercado. O resultado financeiro da empresa no segundo trimestre, ainda no vermelho, surpreendeu as expectativas dos investidores em ações da empresa, maior produtora de aços planos do país.
“É um processo de melhoria contínua, não há nenhum milagre de um dia para o outro”, afirmou o executivo ao Valor, após teleconferência com analistas de bancos. As vendas no mercado interno, onde a empresa perdeu participação nos últimos anos para concorrentes locais e para importações, cresceram 16% no período e o total de aço destinado para clientes locais atingiu 92%.
Com isso, a empresa exportou pouco, operação geralmente com menores margens de ganho. A direção da Usiminas reforçou compromisso de manter mais de 85% das vendas internamente, ante 77% um ano atrás, concentrando-se em maior agregação de valor.
“Nosso ‘core business’ é a siderurgia”, declarou Eguren, que disse ser hora de capitalizar todas as melhorias que vem obtendo em diversas áreas da companhia. Operacionalmente, a Usiminas enfrentava um grande problema de eficiência e produtividade, que exigiu mudança gradual na ocupação linhas de produção nas usinas de Ipatinga (MG) e Cubatão (SP). E uma forte intervenção na gestão dos estoques de produtos que acumulavam em seus pátios. “Hoje, isso está controlado, com 52 semanas de material em estoque”.
Outro ponto importante, segundo o executivo, que veio do grupo Techint / Ternium no processo de reorganização societária que permitiu a entrada do conglomerado ítalo-argentino, foi o financeiro. A empresa ajustou o orçamento de investimento, o capital de giro e a situação de descontrole no endividamento. “Nosso Ebitda [resultado operacional] foi o melhor dos últimos 30 meses e tivemos um recuperação financeira em torno de 9%”, afirmou Eguren.
A alavancagem financeira, disse Ronald Seckelmann, vice-presidente, já é uma página virada. Segundo ele, o passivo líquido sobre o Ebtida está em três vezes e os covenants da dívida bruta já foram negociados com o banco japonês JBIC após a emissão da debênture de R$ 1 bilhão no início do ano.
Em minério de ferro houve retração nas vendas trimestral e semestral e queda na receita, afetada também por menores preços. A margem Ebitda ficou em 54% (menos quatros pontos percentuais).
O balanço trouxe um prejuízo atribuível aos acionistas controladores de R$ 59,5 milhões, com expressiva melhora sobre um ano atrás e sobre o primeiro trimestre deste ano, e um aumento de quase 102%. no Ebitda, para R$ 428 milhões (conforme instrução 527 da CVM) e receita líquida de R$ 3,24 bilhões, com ligeira alta de 0,4%.
A reação positiva do mercado foi vista meados da manhã na bolsa de valores, com elevação dos papéis da siderúrgica. Ao fim do dia, a ação ON fechou com alta de 13,30%, e a PNA, com 15,24%.
Fonte: Valor Econômico/Ivo Ribeiro | De São Paulo
Usiminas: Vendas de aço no 2º trimestre caem 16,7%
SÃO PAULO – A Usiminas anunciou nesta última sexta-feira que as vendas de aço no segundo trimestre do ano caíram 16,7% em relação ao mesmo período de 2012, para 1,572 milhão de toneladas. Já na comparação com o primeiro trimestre deste ano houve uma queda de 1%. No balanço, a companhia destaca que em relação ao primeiro trimestre o destaque foi o aumento de consumo no segmento da distribuição, em 15%, que foi impulsionado, de acordo com a empresa, por recomposição de estoques.
De acordo com o balanço, o mix de vendas no período foi de 90,9% no mercado interno e 9,1% nas exportações. Segundo o relatório, esse porcentual está em linha “com a estratégia da companhia de aumentar participação das suas vendas no mercado interno”. Já a produção de aço da Usiminas no segundo trimestre atingiu 1,749 milhão de toneladas, queda de 5,2% em relação a igual período de 2012. Na comparação com o primeiro trimestre houve, por outro lado, um crescimento de 5%. Do total produzido no segundo trimestre, a empresa informou que 56,8% foi na Usina de Ipatinga, enquanto 43,2% na Usina de Cubatão.
Mineração
No intervalo de abril a junho deste ano as vendas de minério de ferro pela companhia mineira atingiram 1,366 milhão de toneladas, recuo de 8,7% em relação ao mesmo período do ano passado. Ante os primeiros três meses do ano houve um incremento de 1%. Do total das vendas, a empresa informou que 61,3% foi para a própria Usiminas; 12,7% para o mercado interno e o restante destinado ao mercado externo.
Já a produção de minério de ferro pela Usiminas no segundo trimestre do ano foi de 1,621 milhão de toneladas, crescimento de 6,9% ante o mesmo intervalo de 2012, mas queda de 2% em relação ao primeiro trimestre.
Prejuízo
O prejuízo líquido da Usiminas, de R$ 22 milhões no segundo trimestre, informado nesta sexta-feira, veio melhor do que as expectativas do mercado. As perdas foram 83% menores do que a média das estimativas de sete instituições financeiras consultadas pela Agência Estado (Goldman Sachs, Itaú BBA, JPMorgan, Citi, BTG, Planner e Ágora).
Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado da companhia, de R$ 441 milhões no segundo trimestre, veio acima das projeções. O montante apresentado pela siderúrgica mineira superou em 12,2% as estimativas das instituições, que eram de R$ 393 milhões.
A receita reportada no intervalo entre abril e junho de R$ 3,296 bilhões veio em linha com as expectativas. A média das sete casas previa uma receita de R$ 3,296 bilhões. O Broadcast considera o resultado em linha com as estimativas quando fica até 5% abaixo ou acima da média das projeções do mercado.
Lucro operacional
Embora a desvalorização do real no segundo trimestre do ano tenha aumentado as despesas financeiras da Usiminas, o maior volume de vendas da siderúrgica para o mercado interno impulsionou o lucro operacional no período, ajudando que o prejuízo da empresa fosse reduzido em 74,7% em relação ao mesmo intervalo do ano passado. Assim, as perdas da companhia chegaram a R$ 22 milhões de abril a junho, sendo o sexto resultado no vermelho consecutivo da usina mineira.
No segundo trimestre do ano, as vendas de aço da Usiminas chegaram a cair 16,7%, para 1,572 milhão de toneladas. Ante o primeiro trimestre houve uma redução de 1%. No entanto, o mix de vendas apresentou uma mudança significativa. No segundo trimestre, grande parte das vendas foi dentro do Brasil: 90,9% para o mercado interno e 9,1% para o externo.
No mesmo período do ano passado, o mix era bem diferente: 70,3% das vendas foram realizadas no mercado doméstico. No primeiro trimestre deste ano a distribuição das vendas também era semelhante: 77,1% para o mercado interno. Segundo consta no balanço da companhia, o desempenho foi “em linha com a estratégia da companhia de aumentar participação das suas vendas no mercado interno”.
No entanto, a desvalorização de 10% do real em relação ao dólar não permitiu que a companhia melhorasse ainda mais o seu resultado. As despesas financeiras da Usiminas no segundo trimestre do ano foram de R$ 276,311 milhões, o que representou um aumento de 16,4% em relação ao mesmo trimestre do ano passado e de 17% ante os primeiros três meses do ano.
De qualquer forma, os números vieram melhores do que as expectativas do mercado. As perdas foram 83% menores do que a média das estimativas das sete instituições financeiras consultadas pela Agência Estado, cuja média previa um prejuízo de R$ 130 milhões no período.
Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado da companhia, de R$ 441 milhões no segundo trimestre, veio acima das projeções. O montante apresentado pela siderúrgica mineira superou em 12,2% as estimativas das instituições, que eram de R$ 393 milhões. A receita líquida, de R$ 3,296 bilhões, por sua vez, veio em linha com as expectativas.
Dívida
A Usiminas afirmou em seu balanço financeiro que não houve quebra de covenants (cláusulas contratuais de títulos) de dívida líquida em junho deste ano. A dívida líquida da Usiminas ao final do segundo trimestre do ano chegou a R$ 3,279 bilhões, uma queda de 9% em relação à dívida apresentada pela empresa ao término do mês de março. De acordo com a Usiminas, ao fim de junho 81,1% da dívida tinha vencimento no longo prazo, enquanto 18,9% no curto prazo. Ainda em relação à dívida, 59,9% era em moeda nacional e 40,1% em moeda estrangeira.