Redução de vendas provoca ajuste na Nexans e Prysmian

  • 19/09/2013

Duas das principais fabricantes brasileiras de fios e cabos de cobre e energia, a Prysmian (ex-Pirelli) e a Nexans estão se ajustando para um momento de enfraquecimento do mercado. As companhias afirmam que não devem crescer neste ano e reclamam principalmente da redução das encomendas de concessionárias de energia, grandes compradoras de cabos, que estão reduzindo seus investimentos.

“Normalmente, este mercado é bastante previsível, mas desde o início do segundo semestre estamos sendo informados de fortes reduções”, afirma Armando Comparato Junior, presidente da Prysmian no Brasil.

O executivo acredita que a queda da demanda é resultado de reduções em tarifas de energia. As mudanças no setor diminuíram receitas das empresas e as levaram a reavaliar seus investimentos, diz Comparato.

As concessionárias de energia são responsáveis por cerca de um quinto dos pedidos da Prysmian neste segmento, que gera 50% do faturamento total da empresa. Segundo o presidente da companhia, as vendas também estão fracas nos demais segmentos em que atua, como telecomunicações e óleo e gás, que utiliza os cabos em plataformas marítimas (offshore). A exceção positiva da empresa em 2013 é a construção civil. As vendas nesse nicho estão com crescimento de 6% a 8% em relação ao ano passado.

Mas a construção não foi a área escolhida pela Prysmian para investir. A companhia decidiu elevar sua produção de cabos de fibra ótica, que são usados no setor de telecomunicações. A expectativa da empresa é que uma melhora nesse mercado favoreça seus resultados futuros.

Apesar de as vendas estarem ruins, a Prysmian acredita que as companhias de telecomunicações passaram o início do ano aguardando o plano nacional de banda larga e, por isso, seguraram seus investimentos. “Agora estão aguardando respostas do governo sobre planos”, afirma Comparato.

Enquanto a Prysmian direciona seus planos para telecomunicações, a Nexans aposta nas linhas de transmissão

Neste ano, a empresa desembolsou cerca de R$ 10 milhões na área e, no ano que vem, vai aplicar mais R$ 50 milhões. Com os aportes, a Prysmian dobra a capacidade de produção de fibra ótica em sua fábrica de Sorocaba (SP), atualmente de cerca de 30 mil toneladas ao ano, e passará a vender o produto, além de usá-lo na produção de seus próprios cabos.

Hoje, os cabos de telecomunicações respondem por 30% da receita da empresa, de R$ 1,6 bilhão no ano passado – valor que deve se repetir neste ano, segundo Comparato. No início de 2013, ele conta que a previsão era de crescimento de 4% a 5%.

Enquanto a Prysmian direciona seus investimentos em telecomunicações, sua concorrente Nexans optou por centrar seu trabalho em fios e cabos para linhas aéreas de transmissão.

A empresa fabrica cabos tanto para energia – incluindo os segmentos residencial e comercial, de transmissão e de distribuição – quanto para o segmento industrial. Enquanto os pedidos ligados à infraestrutura são responsáveis por 80% da receita, os clientes industriais geram 20% das vendas. Assim como a Prysmian, a Nexans espera repetir neste ano o desempenho de 2012, quando faturou entre US$ 450 e US$ 500 milhões no Brasil.

Em um movimento de reestruturação de suas operações no país, a Nexans decidiu manter apenas os segmentos que têm sido mais rentáveis, diz Marco Vitielo, presidente da empresa.

Em transmissão de energia, ele diz ver boas perspectivas por causa de investimentos previstos para os próximos anos no país, ainda que, neste momento, as concessionárias de energia estejam reduzindo seus desembolsos.

A companhia de origem francesa montou um centro de competência em cabos para transmissão no Rio de Janeiro. Segundo Vitielo, este mercado vem exigindo cabos que transmitem mais energia e com maior resistência mecânica. Com isso, eliminam a necessidade de instalação de novas linhas e permitem o aumento da distância entre as torres das linhas de distribuição, o que reduz o impacto no meio ambiente.

Por outro lado, a empresa está encerrando a produção de fios esmaltados, em sua fábrica de Americana (SP). Segundo Vitielo, o segmento não vinha apresentando resultados positivos, diante de uma demanda muito fraca, e poderia prejudicar os resultados da empresa no longo prazo. “Com essas mudanças, começamos o próximo ano com mais previsibilidade [de resultados]”, afirmou.

Fonte: Valor Econômico/Olivia Alonso | De São Paulo
19/09/2013|Seção: Notícias da Semana|Tags: , , |