As gestoras Vinci Partners e P2 Brasil – associação entre a Pátria Investimentos e o Grupo Promon – fecharam a compra da Companhia Brasileira de Offshore (CBO) e do Estaleiro Aliança. Ambos pertenciam ao Grupo Fischer, mais conhecido pela atuação na área de citricultura. Procurados, eles não deram entrevista. O Valor apurou que o negócio movimentou R$ 500 milhões.
A operação vai unir CBO, Aliança e a Oceana, estaleiro criado pela P2 e que, passou a ter como sócio desde o fim do ano passado a BNDESpar. Vinci e P2 estavam analisando a oportunidade de compra da CBO simultaneamente. Como possuíam a mesma visão estratégica e enxergaram complementaridade entre Oceana e CBO, optaram por unir as operações e realizar o investimento conjuntamente.
A Oceana será o veículo para a aquisição, no qual Vinci e P2 compartilharão o controle, com fatias de 40% cada uma.
A BNDESpar deterá os 20% restantes. As negociações formais se estenderam por dez meses até a assinatura do contrato, na segunda-feira. Esse é o primeiro investimento feito em parceria por Vinci e Pátria e, de acordo com fontes, as duas casas podem fechar novos negócios.
A avaliação é que, juntas, as gestoras terão fôlego financeiro para fazer a empresa crescer, com os elevados investimentos necessários nos negócios desse setor. Esse ponto, apurou o Valor, foi um motivo que levou a família Fischer a vender a companhia.
A CBO é considerada uma empresa-modelo no segmento, sob diversos aspectos, como gestão, percepção dos clientes atendidos – já foi reconhecida publicamente pela Petrobras – e qualidade do negócio. Possuía controle familiar, nas mãos de cinco mulheres, mas uma gestão totalmente profissionalizada.
A empresa optou por uma estrutura verticalizada – além de operar as PSVs (platform supply vessel) tem o estaleiro para construí-las. Nos últimos anos, a CBO adotou a diversificação e investiu no aprendizado de operar outras embarcações para não ter que focar apenas PSVs. Além disso, trabalhou não apenas para a Petrobras, mas atendeu também grandes petroleiras internacionais, como Shell e Statoil, que possuem demandas diferentes.
O ativo CBO era cobiçado no setor por ter criado uma base sólida para a expansão nos diversos setores de navegação e apoio marítimo. A opção de vender o negócio feita pela família Fischer veio da consciência de que a empresa está pronta para um salto de crescimento, o que demandaria quantidade enorme de investimentos e também de riscos. O entendimento foi de que o melhor a fazer seria encontrar novos donos que tivessem condições de suportar esses investimentos.
A própria Oceana, criada pela P2 há dois anos, teve desde o início como espelho a CBO. A empresa também nasceu verticalizada – está construindo um estaleiro em Itajaí (SC) e iniciando operação de duas embarcações. Esses ativos, agora, serão acoplados à estrutura CBO, com uma frota de 21 embarcações, e ao Aliança. O negócio está sujeito a aprovações usuais, entre elas a aprovação do BNDES para transferência da dívida da CBO hoje para a nova configuração de controladores.