O presidente do Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil, Albano Chagas Vieira, e o presidente executivo, Marco Polo de Mello Lopes, mostraram um cenário preocupante para a indústria siderúrgica nacional. As importações, que hoje representam 31,5% do consumo interno, chegariam, em 2022, a nada menos de 57,9%. É claro que essa afirmação envolve certa futurologia, mas a entidade se baseou no que está ocorrendo há muitos anos: o Brasil perde poder de competição na indústria em geral, e o aço não é exceção. Há pouco mais de uma década o Produto Interno Bruto (PIB) industrial representava 25% do PIB total e, hoje, está restrito a 13%.
As siderúrgicas brasileiras pagam US$ 84 por megawatt/hora, contra média mundial de US$ 22. A instituição critica posição do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que negou apoio ao setor, por considerar que a desvalorização do real já teria ajudado a conter importações e estimular exportações. Segundo Mello Lopes, isso não ocorreu. Cita que, junto com o real, as moedas de países concorrentes também cederam, o que fez com que a situação anterior – de real valorizado ante concorrentes, como Turquia, China, Ucrânia e Índia – se mantivesse inalterável. Para o IAB, o feito cambial teria sido praticamente nulo.
Nem tudo vai mal, pois para 2013, se espera aumento de 6,1% nas vendas do mercado interno. Segundo Lopes e Vieira, isso se deveu a expansão notável da indústria automobilística. Para 2014, cessarão incentivos aos veículos e a construção civil poderá ocupar esse lugar, com mais demanda por aço. O mês de outubro passado foi o de maior importação desde 2010. Com isso, a previsão para 2013, em relação a 2012, é de queda de 0,5% nas importações e redução de 14,8% nas exportações brasileiras. Para 2014, se prevê alta de 4,4% nas vendas internas, mas sem que se altere o ambiente de preocupação do meio siderúrgico diante da invasão estrangeira e das dificuldades para exportação.
Por fim, os dirigentes siderúrgicos mostraram dados que devem preocupar ao governo e especialmente aos industriais. O índice Big Mac, que compara o preço desse sanduíche por todo o planeta, com base no preço norte-americano, de US$ 4,56 por unidade, aponta que o preço brasileiro é superior ao cobrado nos Estados Unidos em 16%. Já em outros países, o sanduíche custa mais barato: na Turquia, menos 4,7%; no Japão, menos 29,8%; na Rússia e na China, o preço é 42% inferior ao cobrado nos Estados Unidos e, por fim, na Ucrânia, a diferença é de 48,9%. Todos esses países são produtores de aço. O índice Big Mac é um bom exemplo do Custo Brasil, fácil de ser entendido por todos. Além de energia e câmbio, contribuem para o sobre preço brasileiro de aço: gás natural, carga tributária, custo de capital e a falta de infraestrutura logística.