A demanda por aço no mercado brasileiro pode fechar o ano melhor do que o previsto, caso se repitam na reta final do trimestre os desempenhos vistos em setembro e outubro. De acordo com especialistas do setor, a procura a partir do segundo semestre se mostrou mais firme do que o esperado pelas usinas e distribuidoras de aços planos.
Com isso, os fabricantes desse tipo de produto, que é usado desde a construção civil até a montagem de carros leves e pesados, devem apresentar resultados mais sólidos nos balanços financeiros de outubro a dezembro. As três grandes siderúrgicas do país – Usiminas, CSN e Arcelor Mittal – devem se beneficiar desse cenário.
Em primeiro lugar, elas vão ainda tirar proveito dos reajustes de preços do fim de agosto. No terceiro trimestre, só incorporaram nos balanços um mês dos aumentos de 5% a 7% anunciados em meados de agosto. Os reajustes só foram aplicados a partir do mês seguinte, tanto para clientes da distribuição quanto do setor industrial.
A previsão é que as vendas internas de aços planos fabricados e laminados no país cresça 7% frente a 2012
Outro fator considerado favorável é a desaceleração das importações de produtos acabados, principalmente da China, a partir de outubro. Devem desembarcar no país os últimos lotes adquiridos com o câmbio entre R$ 1,90 e R$ 2,00.
Com a valorização do dólar, que bateu em R$ 2,40, os negócios de importação foram fortemente reduzidos até pouco tempo atrás. Entre o fechamento da compra e o desembarque do produto nos portos brasileiros, leva-se no mínimo três meses.
As três siderúrgicas do país, mais o grupo Gerdau, que começou a disputar esse mercado em agosto no segmento de material laminado a quente, poderão ocupar mais espaço no mercado local com uma menor competição do material estrangeiro.
O consumo aparente de aços planos no país, que fechou os nove meses do ano com alta de 3,3%, sinaliza retomada de fôlego para 4% a 4,5% no ano, na comparação com 2012, aponta Carlos Loureiro, presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda). O consumo aparente do mercado é a soma das vendas internas com o montante importado.
A previsão é que as vendas internas relativas aos aços planos fabricados e laminados no país alcancem expansão de 7% frente a 2012, acima das últimas projeções do setor: algo como 5%. De janeiro a setembro, a comercialização subiu 5,6% sobre igual período do ano passado.
Esse cenário trouxe mudança de expectativa para o desempenho da rede de distribuição de aço. Sem nenhuma euforia, o Inda já trabalha com um fechamento de vendas no ano bem melhor. “Começamos 2013 com previsão de crescer 6%, mas baixamos para 2% em julho. Agora, já revisamos para 5% a 5,5%”, informa Loureiro.
Segundo o presidente do Inda, o terceiro trimestre foi muito bom e o início do quarto se mostra muito firme. “Em outubro, nossa projeção de crescimento de 7% nas vendas, com cerca de 440 mil toneladas, foi cumprida.” Isso é o que indica os números, ainda preliminares, das distribuidoras afiliadas ao Inda.
Os grandes mercados atendidos pelas distribuidoras, como máquinas e implementos agrícolas, usinas de açúcar e álcool, construção civil e alguns segmentos de obras de infraestrutura, estão puxando a demanda. “Vemos melhora geral, que não é nenhuma ”Brastemp”, mas nos permite fechar o ano melhor do que imaginávamos”, diz.
A expectativa do Inda é comercializar 4,6 milhões de toneladas de aços planos em 2013, número histórico para a rede, que movimenta cerca de um terço das vendas internas desse tipo de aço no país.
Os outros dois terços, de um mercado que gira em torno de 14 milhões de toneladas, são atendidos diretamente pelas siderúrgicas e por material importado. As usinas de aço focam os grandes mercados industriais e têm entre suas clientes as montadoras de automóveis e as fabricantes de bens de linha branca.
Os níveis de estoques da rede devem virar o ano no patamar de 2,7 meses de vendas, ritmo considerado normal para o setor. Isso significa 1,1 milhão de toneladas.
As margens de ganho das siderúrgicas tiveram melhoras e todas conseguiram repassar, sem dificuldades, os reajustes de preços do aço anunciados em agosto. Para o restante do ano, não se vê chances de novos aumentos.