O setor siderúrgico no Brasil se encaminha para o encerramento do ano sem que o negócio mais esperado de 2013, como se desenhava, fosse consumado: a aquisição da Cia. Siderúrgica do Atlântico (CSA) pela Cia. Siderúrgica Nacional (CSN). Depois de idas e vindas, a empresa acabou permanecendo, a contragosto, em poder do grupo alemão ThyssenKrupp, dona de 73% do capital, e da sua sócia Vale, com 27%.
A CSN passou grande parte do ano avaliando a possibilidade de comprar a CSA mais uma laminadora de aço da Thyssen nos EUA, no Estado Alabama. Com isso, tinha o objetivo de formar uma grande operação siderúrgica nas Américas, ganhando mais poder de competição no setor.
Agora, a empresa volta-se para a inauguração de sua primeira usina de aços longos no país. Situada também em Volta Redonda (RJ), a mini-mill de 500 mil toneladas de capacidade tem inicio de operação comercial previsto para o primeiro trimestre de 2014.
A Gerdau enfrentou atrasos em seu projeto de entrada no mercado de aços planos laminados no país, estreando competição direta com Usiminas, CSN e ArcelorMittal Tubarão. A unidade de laminados a quente em Ouro Branco (MG) só passou a fazer as primeiras vendas comerciais de material neste trimestre. O projeto da unidade de chapas grossas foi adiado, de 2014, para o fim de 2015 ou início de 2016.
Após um longo período de dificuldades financeiras, com seguidas perdas trimestrais em seus balanços, e sob a rígida gestão da nova acionista Ternium, do grupo Techint, a siderúrgica mineira Usiminas voltou ao lucro no terceiro trimestre. Um alívio para os investidores em papéis da empresa. Em seu plano de reestruturação, a companhia iniciou a venda de ativos considerados não estratégicos. Em junho, desfez-se da unidade de autopeças, de Pouso Alegre (MG), e para 2014 o alvo é vender a Usiminas Mecânica, de bens de capital.
O grupo ArcelorMittal anunciou no primeiro semestre a retomada, de forma parcial, do projeto de duplicação de sua unidade de aço longo em Monlevade, Minas Gerais. Na espera de melhoria do mercado e evitando alocar grande parcela de capital, priorizou instalar somente uma linha de laminação, com suprimento de material (tarugos) de outras usinas da companhia – Juiz de Fora (MG) e Cariacica (ES).
No negócio de aços planos, há poucos dias o grupo informou que a subsidiária ArcelorMittal Tubarão, em Serra (ES), decidiu reativar a partir de julho de 2014 seu alto-forno número 3. O equipamento estava paralisado desde novembro de 2012 e vai passar por uma fase de reparos no primeiro semestre do ano.
Uma das razões, além de sinais de recuperação na demanda global por placas de aço, é que Tubarão será uma das fornecedoras para a laminadora do Alabama, EUA, que ArcelorMittal e Nippon Steel acabaram de comprar da ThyssenKrupp.
Mas não dá para dizer que 2013 vai ser um ano que termina sem boas notícias para o setor.
No início de 2013, a Votorantim Siderurgia e seu sócio Alexandre Grendene puseram para operar a primeira laminadora de aço da região Centro-Oeste, a Sitrel, em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul.
Voltada a produtos longos, especialmente vergalhões, tornou-se o novo fornecedor para a região, que dependia de importações do Sudeste.
Outra novidade foi o recente anúncio de que a sul-coreana Posco, listada entre as dez maiores siderúrgicas do mundo, vai ser sócia e operadora de uma laminadora de aços planos (bobinas a quente a frio e galvanizados) ao lado do Porto de Suape, em Pernambuco. O investimento total, liderado por um grupo local, é de quase US$ 900 milhões. Com uma participação inicial de 10% na Companhia Siderúrgica de Suape (CSS), a Posco estreia no mercado brasileiro. Será um novo competidor de Usiminas, Gerdau, ArcelorMittal e CSN.
Atualmente, a Posco é sócia minoritária da Vale e da também sul-coreana Dongkuk na construção de uma siderúrgica de placas, a CSP, em Pecém, no Ceará, com foco na exportação.
A pequena Sinobras, do grupo Aço Cearense, que tem 3% do mercado de aços longos do país, informou está semana que tem um plano de expansão para mais que dobrar sua fábrica em Marabá, sul do Pará, que inicou operação em 2008. Com investimento de US$ 200 milhões, prevê elevar a capacidade da sua usina das atuais 360 mil para 800 mil toneladas até o fim de 2015.
Em desempenho, o setor finaliza o ano com ligeiro declínio na produção, em 34,5 milhões de toneladas de aço bruto, mantendo o oitavo lugar no ranking mundial, à frente de Turquia e Ucrânia. As exportações, devido à perda de competitividade de produtos do país (custo, tributos e câmbio) e ao excesso de oferta global, mostraram nova retração: 14,8%. As importações de aços acabados, cuja perspectiva era de baixa de 14,4%, vão alcançar 3,8 milhões de toneladas (um decréscimo de apenas 0,5%).
No entanto, um certo alento se verificou nas vendas internas das siderúrgicas locais a partir da virada deste semestre. As projeções do Instituto Aço Brasil (IABr) são de um crescimento de 6,1% no ano. Com isso, mais o aumento do material importado, o consumo aparente no país foi revisado, de 3,2% de alta, para 5,7% sobre o ano passado.