RIO – A Sete Brasil, empresa criada para construir as sondas que vão explorar o pré-sal, fechou contrato de financiamento com o BNDES. A empresa receberá um empréstimo de R$ 8,8 bilhões para financiar as nove primeiras sondas de um total de 28 encomendadas pela Petrobras. O banco aprovou também a participação do BNDESPar na emissão de debêntures (títulos de dívida), até o máximo de R$ 1,2 bilhão, que podem ser convertidas em ações. Com isso, o banco de fomento pode se tornar sócio da companhia.
Trata-se do segundo maior aporte da história do BNDES. Fica atrás apenas dos R$ 22,5 bilhões para a construção da usina de Belo Monte. A Sete Brasil tem entre seus acionistas a Petrobras, com 5%, e o Fundo de Investimento em Participações FIP Sondas, com 95% do capital. O FIP reúne os fundos de pensão (Petros, Funcef, Previ e Valia), três bancos de investimentos privados (BTG Pactual, Santander e Bradesco), o FI-FGTS, além do EIG (novo controlador da LLX, de Eike Batista).
Das nove sondas do primeiro lote, duas são do tipo semissubmersível e sete do tipo navio-sonda. Os equipamentos estão em construção em cinco estaleiros. No Jurong Aracruz, no Espírito Santo, são três (uma para entrega em 2015 e as outras duas para 2016). No Estaleiro Atlântico Sul, em Pernambuco, são mais duas – ambas para 2016. A Brasfels tem duas unidades – uma com entrega em 2015 e outra em 2016.Os estaleiros Rio Grande, no Rio Grande do Sul, e o Enseada Paraguaçu, na Bahia, têm uma sonda, cada, para 2016.
Empresa precisa de mais R$ 4 bilhões
As debêntures que a BNDESPar poderá subscrever serão conversíveis em ações a serem emitidas pela Sete Brasil Participações. Os recursos deverão ser usados na execução do plano de negócios da empresa, que inclui a construção de outras 19 sondas de águas ultraprofundas para a Petrobras, além das nove que já tiveram seu financiamento aprovado. Todas serão fabricadas em estaleiros brasileiros.
Além dos recursos do BNDES, a Sete Brasil obteve ainda outros US$ 215 milhões do UK Export Finance, banco que concede empréstimos a empresas britânicas que exportam a outros países. João Ferraz, presidente da Sete Brasil, disse que, além desses recursos, as nove primeiras sondas ainda precisam de mais US$ 1,7 bilhão (R$ 4 bilhões) em empréstimos:
– É um projeto que demanda muito capital. Esperamos fechar esse US$ 1,7 bilhão adicional até o fim do primeiro trimestre. O selo do BNDES vai ajudar a obter mais recursos com outras instituições.
O superintendente da área de Insumos Básicos do BNDES, Rodrigo Barcellos, destacou que a liberação de recursos começa neste primeiro semestre.
– O banco só financia a parte que será construída no Brasil – destacou Barcellos. – Pelos contratos assinados entre a Sete Brasil e a Petrobras, o conteúdo local começa com 55% nos primeiros navios até atingir 65% nos últimos.
O projeto de financiamento das sondas da Sete Brasil foi dividido em três fases. Além desta primeira leva, o segundo grupo envolve 12 sondas (com entrega entre 2017 e 2018). O terceiro terá oito sondas e entrega entre 2019 e 2020. Uma 29ª plataforma será construída para ser afretada ao setor.
– Ao todo, o projeto prevê investimento de US$ 25,6 bilhões. O plano de negócios da companhia prevê que US$ 19,2 bilhões virão de dívida e US$ 6,4 bilhões de capital próprio. As sondas vão envolver mais de dez mil trabalhadores – lembrou Ferraz.
A construção das sondas é essencial para que a Petrobras dê conta de seu plano de negócios. Até 2020, a estatal pretende alcançar produção diária de 4,2 milhões de barris de petróleo. Nesta quinta-feira, a estatal informou que as reservas provadas no pré-sal em 2013 cresceram 43% em relação ao ano anterior. Em 2013, a Petrobras fez a perfuração de 42 poços na camada do pré-sal, que hoje produz 390 mil barris/dia.
Fonte: O Globo – Bruno Rosa e Ramona Ordoñez