A Chemtech, empresa brasileira de tecnologia e engenharia adquirida pela Siemens em 2001, iniciou este ano as operações na nova base no Parque Tecnológico da Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro. A companhia investiu US$ 50 milhões no local, com uma área de 4 mil metros quadrados. Cerca de 600 pessoas trabalham na nova base atualmente.
“Vemos como uma oportunidade de desenvolver o negócio da Chemtech e abrir novos caminhos, porque aqui é um ambiente estimulante”, conta o diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da empresa, Roberto Leite. Segundo ele, aumenta a interface com a UFRJ [Universidade Federal do Rio de Janeiro] para fazer projetos de pesquisa e desenvolvimento e a proximidade de outras empresas [do setor petróleo].
O setor de petróleo e gás natural responde hoje por cerca de 80% dos negócios da Chemtech. A companhia atua basicamente em três áreas: elaboração de projetos de engenharia para grandes empreendimentos, tecnologia da informação (TI) industrial e instrumentação offshore.
Na base no Parque Tecnológico, está sendo desenvolvida a principal aposta da Chemtech atualmente: um sistema de acionamento remoto de válvulas e manifolds (conjunto de válvulas que concentra a produção de vários poços no fundo do mar). “É o projeto mais inovador que temos na casa agora”, diz Leite. Na prática, o equipamento é operado de dentro da plataforma de produção de petróleo e envia comandos para as ferramentas que se encontram no solo marítimo.
O equipamento, chamado sistema hidroacústico para acionamentos remotos (SHAR), substitui a necessidade de mergulhadores e da instalação de cabos umbilicais elétricos para a realização de serviços periódicos no manifold. Assim, a expectativa é reduzir o custo dessas operações.
Segundo Leite, o custo médio para a contratação de um navio de mergulho para realizar esse tipo de serviço é de US$ 150 mil. E o custo de instalação de um cabo umbilical é de US$ 400 mil a US$ 600 mil por quilômetro.
O primeiro equipamento será utilizado na operação da plataforma P-47, da Petrobras, localizada no campo gigante de Marlim, na Bacia de Campos, em uma profundidade de 200 metros. Depois da realização de testes, a expectativa é que o sistema esteja em funcionamento até abril.
O objetivo da Chemtech é desenvolver a tecnologia para que possa ser utilizada na produção de petróleo em áreas ultraprofundas na camada pré-sal. “Existe uma tendência de automação das atividades no fundo do mar”, explica o executivo.
“Essa ideia da comunicação hidroacústica pode ser utilizada não só para operar manifolds, mas pode ser usada para transmitir dados coletados no fundo do mar. Uma das aplicações que vislumbramos é o monitoramento de corrosão dos equipamentos”, completa Leite.
Na área de energia, a Chemtech está desenvolvendo novos aplicativos de TI e a manutenção de sistemas para o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Fonte: Valor Econômico – Rodrigo Polito