Tendo em mãos um dos maiores contratos da Petrobras, que vai pagar cerca de US$ 80 bilhões pelo aluguel de 28 sondas de perfuração em águas profundas, a Sete Brasil vai precisar de novos financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Fundo de Marinha Mercante (FMM) até o fim do ano para concluir sua necessidade de financiamentos. Depois de obter R$ 10 bilhões, a empresa negocia com o banco estatal novo financiamento que deve ser oficializado ainda neste semestre, segundo informou ao Valor o presidente da Sete Brasil, João Carlos Ferraz.
O banco divulgou ontem empréstimo para a Sete Brasil em duas operações. A maior delas é um empréstimo de R$ 8,8 bilhões denominado em dólares e equivalente a US$ 3,7 bilhões, que será usado para a construção das primeiras nove sondas. Esse valor representa 50% do custo total de construção dessas unidades, estimado em R$ 18 bilhões.
Outro R$ 1,2 bilhão vai entrar por meio da aquisição, pela BNDESPar, de debêntures conversíveis em ações da Sete Brasil. Segundo Ferraz, o dinheiro será usado pelos acionistas da companhia nos próximos cinco anos para garantir o capital próprio necessário para construir todas as unidades. “Esse dinheiro é muito importante e será desembolsado ao longo do tempo, principalmente para as outras sondas”, disse Ferraz.
Se convertido hoje em ações, o valor de R$ 1,2 bilhão corresponderia a uma participação aproximada de 10% do banco na Sete Brasil pelos cálculos do gerente do departamento de investimento do BNDES, Guilherme Medina.
Ferraz disse ao Valor que já negocia com o BNDES novo empréstimo para um grupo de 12 sondas que serão construídas para entrega em 2017 e 2018. O banco estatal, segundo o executivo, vai garantir os financiamentos estruturantes para as primeiras 21 sondas que serão encomendadas em estaleiros brasileiros. Para as últimas oito sondas (incluindo uma unidade sem contrato construída especulativamente), a Sete espera financiamento do FMM.
As 28 unidades serão construídas nos estaleiros Keppel (RJ), Brasfels (RJ), Rio Grande (RS), Atlântico Sul (PE), Jurong (ES) e Enseada do Paraguaçu (BA), sendo que os dois últimos ainda estão em construção. No momento a Sete negocia com vários bancos de fomentos internacionais dinheiro para fechar a necessidade de investimento da companhia.
Segundo Ferraz, a britânica UK Export Finance já aprovou financiamento de US$ 200 milhões. A Sete Brasil já tem R$ 9 bilhões (equivalentes a US$ 3,5 bilhões) em capital comprometido dos acionistas para financiar as 28 sondas que já têm contrato com a Petrobras. A companhia dividiu as encomendas em três grupos, de acordo com a data de entrega e início de operação previstos nos contratos.
As primeiras nove sondas vão custar US$ 7,5 bilhões. Desse total, US$ 3,7 bilhões virão do banco estatal, US$ 1,9 bilhão de capital próprio e outros US$ 1,9 bilhão estão em fase de captação junto a bancos privados, oficiais e agências de fomento no exterior que espera anunciar até o fim de 2014.
O superintendente da Área de Insumos Básicos do BNDES, Rodrigo Bacellar, explicou que o empréstimo foi realizado em moeda estrangeira por causa do Repetro, parte de um regime aduaneiro especial que dispensa o pagamento de impostos na exportação e na importação de bens destinados à exploração e produção de petróleo, mesmo para bens produzidos no país. Segundo ele o BNDES já tem essa quantia em caixa e não precisará de nova captação internacional para esse desembolso.
Fonte: Valor Econômico – Cláudia Schüffner e Elisa Soares