O Polo Naval, em Rio Grande, está praticamente vazio nesta segunda-feira. Mobilizados por meio do Sindicato dos Metalúrgicos, mais de 8 mil trabalhadores entraram em greve — e não há prazo para retomar os serviços.
A paralisação foi deflagrada por um motivo principal: a falta de condições para lidar com o calor. Segundo o diretor do sindicato, Gilberto de Oliveira, não há bebedouros suficientes nem ar refrigerado.
— Se a maioria das pessoas sente a temperatura de 38ºC, lá a gente trabalha sob calor de 50ºC, para mais — diz.
Tem sido frequente também, de acordo com ele, as ocorrências de desmaios durante o expediente. Com um dos trabalhadores, que não quis se identificar, aconteceu duas vezes no mesmo dia. — A ambulância não para. Por dia, cerca de quinze pessoas desmaiam — relata.
Os funcionários pedem a instalação de mais bebedouros, banheiros e ventiladores. Oliveira afirma que as reivindicações já haviam sido enviadas às empresas do estaleiro no ano passado, mas não foram cumpridas. O sindicato também reclama de desvios de função no Polo Naval. — Tem gente produzindo como se estivesse em um cargo maior, mas sem nenhum tipo de aumento — afirma. Oliveira afirma que a greve só irá terminar quando as solicitações forem atendidas. A paralisação deverá atrasar a entrega do casco do navio da P66, prevista para o dia 28.
Contraponto
Diretor-geral do estaleiro, Heder Santos nega que haja desvio de função. — O colaborador é treinado e, quando apto, é enquadrado em uma função. Dentro dessa função, há possibilidade de evolução por meritocracia. É claro que nem todos têm mérito — afirma.
Sobre o calor, ele diz que já providenciou mais condicionadores de ar, exaustores, bebedouros, gelos e garrafas de isotônico para amenizar os efeitos das altas temperaturas. Além disso, os funcionários têm uma hora por dia (meia hora de manhã e meia hora da tarde) para descansar e repor as energias. — Temos feito o que podemos para aliviar esse calor histórico. Vamos procurar atender às reclamações dos nossos colaboradores, pois queremos que eles estejam satisfeitos. Buscamos produção, mas produção com segurança.
Fonte: Zero Hora/Luísa Martins