O Brasil caiu quatro posições no ranking de competitividade e está entre as sete piores economias do Índice de Competitividade Mundial 2014 (World Competitiveness Yearbook – WCY), que será divulgado hoje pelo Institute for Management Development (IMD) e pela Fundação Dom Cabral. O país agora ocupa o 54 ºlugar, somente à frente de Eslovênia, Bulgária, Grécia, Argentina, Croácia e Venezuela.
Publicado anualmente desde 1989, o guia avalia 60 países. No ano anterior, o Brasil estava em uma posição um pouco melhor, ocupava o 51 ºlugar.
De acordo com Carlos Primo Braga, professor do IMD e diretor do grupo Evian, o mais importante a constatar é que há uma tendência de declínio do Brasil porque pelo quarto ano consecutivo ele apresenta piora na sua classificação. Braga explica que eventualmente de um ano para o outro há casos de pioras pontuais na posição relativa de um país, mas no caso brasileiro já se constata a deterioração em um horizonte de longo prazo. Em quatro anos, o país perdeu 16 posições. Em 2010, quando a pesquisa avaliava 58 países, como comparação, o Brasil ocupava o 38 º lugar.
Segundo Braga, houve piora principalmente do ambiente de negócios, destacou ele, citando, entre vários fatores que contribuem para isso, a baixa produtividade do trabalho, pela pouca qualificação da mão de obra.
O ranking tem quatro pilares para mensuração dos resultados: performance econômica, eficiência do governo, eficiência dos negócios e infraestrutura. São ao todo 338 critérios dos quais dois terços são relacionados a informações estatísticas (os indicadores usados referem-se a 2013) e um terço é elaborado a partir de questionários com empresários.
A pesquisa mostra que o Brasil manteve no ranking de 2014 uma má performance em itens como: infraestrutura, considerada precária; abertura da economia, avaliada como pequena por Braga e ruim para o crescimento do país; e pela sua estrutura institucional-regulatória, tida como ineficiente. Entre outros problemas do país também está o “aumento significativo de preços”.
Em relação à eficiência do governo, o Brasil está desde 2011 entre os cinco piores países, por não apresentar “simplificação nas legislações trabalhistas e no sistema regulatório”. Pesam desfavoravelmente também a alta carga tributária direta e indireta e as taxas de juros de curto e longo prazos que desestimulam o investimento na produção.
“A redução do custo de se fazer negócios no Brasil deveria ser prioridade do governo, deveria haver formas de reduzir burocracia, de aumentar a transparência e com isso reduzir a possibilidade de corrupção. São coisas que deveriam estar no topo da agenda do governo”, diz Braga.
A maioria dos países emergentes apresentou uma piora em relação à sua classificação no ano anterior na pesquisa. De acordo com Braga, além de ter ocorrido uma melhora relativa de economias centrais da Europa (como Alemanha) e do Japão, houve um crescimento econômico menor dos emergentes que explicam essa deterioração.
Segundo o ranking, o melhor país em competitividade são os Estados Unidos (que já lideravam em 2013), seguido pela Suíça, Cingapura e Hong Kong.
Fonte: Valor Econômico – Vanessa Jurgenfeld | De São Paulo