Os metalúrgicos do polo naval de Rio Grande (RS), que têm data-base em 1º de maio, entraram em greve ontem por tempo indeterminado. A paralisação afeta o Estaleiro Rio Grande (ERG), da Engevix Construções Oceânicas (Ecovix), que está construindo as primeiras unidades de um lote de oito cascos para plataformas de exploração de petróleo para a Petrobras.
Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Rio Grande, Benito Gonçalves, os trabalhadores querem equiparação com o índice obtido neste mês pelos colegas de Angra dos Reis (RJ), que ganharam 9,5% de reajuste e passaram a receber vale-refeição entre R$ 335 e R$ 400 por mês.
No Sul, as empresas estão oferecendo 9,3% de reajuste e vale-refeição de R$ 300, ante os R$ 260 atuais, informou o sindicalista. De acordo com ele, dos 15 mil metalúrgicos do ERG, apenas 600 a 700 estão trabalhando.
O primeiro dos oito cascos (para a plataforma P-66), que deveria ter sido entregue pela Ecovix à Petrobras em abril, está “praticamente pronto”, enquanto o da P-67 está mais de 50% concluído, explicou Gonçalves. As entregas estão programadas até junho de 2016 e o estaleiro também fechou contrato com a estatal para construir três navios-sonda até 2017, mas neste caso as obras ainda não começaram, disse o sindicalista.
Os demais estaleiros da região não foram atingidos pela greve. O Honório Bicalho, da QGI Brasil (ex-Quip), formada pela Queiroz Galvão e Iesa, só começará os preparativos para a construção das próximas plataformas (P-75 e P-77) no segundo semestre, informou a empresa. Já a Estaleiros do Brasil (EBR) ainda está em fase de implantação de suas instalações no município vizinho de São José do Norte.
A Ecovix evitou comentar o impacto da greve e disse em nota que aguarda a assembleia dos grevistas marcada para hoje. “Sobre a paralisação de hoje [segunda-feira] de parte dos colaboradores, a Ecovix esclarece que a negociação com o sindicato da categoria está em andamento e vai aguardar pelo resultado da assembleia marcada para amanhã, dia 27 de maio”, disse.
Para o presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), Ariovaldo Rocha, o “pleno emprego” e as entregas “que não podem atrasar” de navios e plataformas “aumentam o poder de negociação dos trabalhadores”. Também em nota, alertou que a produtividade precisa ser ampliada para elevar a “competitividade em relação aos estaleiros internacionais”.
Fonte: Valor Econômico – Sérgio Ruck Bueno | De Porto Alegre