O Synergy Group, do empresário German Efromovich, decidiu suspender o contrato de trabalho dos 3,2 mil empregados do Estaleiro Ilha S.A. (EISA), do Rio, por até 90 dias. Amanhã, às 14h, haverá audiência no Ministério Público do Trabalho, quando o Synergy deve formalizar a proposta aos representantes do Sindicato dos Metalúrgicos e de empresas de navegação, como a Log-In, que têm encomendas de navios no EISA.
Ontem, quando surgiu a notícia, antecipada pelo ValorPRO, serviço de informações em tempo real do Valor, havia dúvidas, porém, se haveria acordo em relação à proposta.
A decisão de suspender temporariamente o contrato de trabalho dos empregados do EISA foi tomada depois que a Caixa Econômica Federal (CEF) negou empréstimo de R$ 200 milhões ao estaleiro, disse Omar Peres, conselheiro do Synergy. O grupo contava com os recursos para fazer o estaleiro voltar a operar depois de dois meses de paralisação. Peres disse que o empréstimo foi negado apesar de o EISA ter garantias reais avaliadas em R$ 680 milhões, valor do terreno onde se situa o parque industrial do estaleiro, na Ilha do Governador. Procurada, a Caixa disse que não iria se pronunciar.
Os empregados do EISA permanecem em licença remunerada e amanhã, às 7h, vão realizar assembleia. Efromovich esteve em Nova York esta semana negociando empréstimo com um fundo de investimentos, mas essas tratativas exigem mais tempo. A estratégia do Synergy é ganhar fôlego para conseguir vender ativos do grupo e capitalizar o EISA, que passa por sérios problemas de liquidez decorrentes de má gestão. Peres disse que tem procuração do Synergy para vender a Petro Synergy, petroleira do grupo que explora campos de petróleo em terra no Nordeste. Os recursos obtidos no negócio seriam aplicados no estaleiro, o qual deve ser vendido pelo grupo.
Os trabalhadores receberam com ceticismo a proposta de suspensão do contrato de trabalho do EISA. Alex Santos, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio, criticou a proposta do Synergy. “É um debate que terá de ocorrer, mas a possibilidade de ir por esse caminho é pequena”, disse Santos. Ele criticou o uso de recursos dos trabalhadores, via Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), para resolver o problema. Em casos de suspensão de contratos de trabalho, o FAT arca com a maior parte do pagamento aos trabalhadores no período de vigência do acordo.
Santos defendeu um diálogo que envolva os armadores, os quais poderiam assumir as obras e fazer o estaleiro voltar a operar, afirmou. “Esse é um caminho mais rápido”, disse. O presidente da Log-In, Vital Lopes, afirmou que recebeu intimação do Ministério Público do Trabalho para participar da audiência, mas não antecipou a estratégia a ser seguida pela empresa. Ele manifestou “indignação” com a postura de Efromovich na crise do EISA.
Fonte: Valor Econômico – Francisco Góes | Do Rio