Produtividade brasileira precisa crescer mais de cinco vezes para alcançar a americana

  • 04/09/2014

A indústria de óleo e gás brasileira está reunida no Rio de Janeiro com os principais executivos da engenharia americana para trocar experiências em busca de aumentar a produtividade no país, atualmente em níveis muito abaixo dos índices de países desenvolvidos.

A presidente do Centro de Excelência em EPC (CE-EPC), Renata Baruzzi, que fez a abertura do evento Produtividade em Ação 2014, ressaltou a importância de um planejamento detalhado para que as empresas consigam ter resultados melhores na execução de projetos, destacando que a atuação do Centro de Excelência tem sido focada na busca de soluções para ajudar o Brasil a avançar nesse processo, com ênfase na parceria estabelecida com o instituto americano Construction Industry Institute (CII), que congrega todas as maiores empresas de engenharia dos Estados Unidos.

O diretor executivo da consultoria Tripoint, Cláudio Makarovsky, que faz a moderação das apresentações e deixou recentemente a presidência do conselho de petróleo e gás da Abimaq, ressaltou a importância da busca por novas métricas e metodologias a serem implementadas no país, com o intuito de melhorar o cenário nacional.

“Foi feito um estudo indicando que o trabalhador brasileiro gerou, nos últimos 12 meses, US$ 4 por hora trabalhada, contra US$ 25 gerados por cada trabalhador americano”, afirmou.

De acordo com o estudo mencionado por Makarovsky, a produtividade brasileira nas obras precisar crescer mais de cinco vezes para atingir os mesmos índices americanos. Comparando percentualmente, o ganho gerado por um trabalhador brasileiro representa apenas 16% do que um trabalhador americano gera no mesmo período de tempo.

O diretor executivo do Construction Industry Institute (CII), Wayne Crew, ressaltou a importância da utilização de métricas internacionais já estabelecidas para o melhor aproveitamento do trabalho nos projetos e enfatizou a importância da parceria com o CE-EPC.

Reunindo executivos das principais empresas brasileiras do setor de óleo e gás, o evento segue com apresentações sobre soluções utilizadas ao redor do mundo para elevar o índice de produtividade em projetos do segmento. O diretor sênior de construção da Foster Wheeler, Jason Marques, abriu o primeiro seminário técnico falando sobre os ganhos que a modularização pode gerar para a indústria, citando vantagens e desvantagens da metodologia.

“A modularização foi criada pela indústria de construção naval, está sendo adaptada a outras indústrias, e vem ganhando um papel muito maior nos projetos em desenvolvimento atualmente nos Estados Unidos. Uma das principais razões é a busca por mais produtividade”, disse.

De acordo com Marques, os principais benefícios da modularização para os projetos são a redução de acidentes, a redução de custos em alguns casos, a agilidade na execução, a fabricação remota, que pode aliviar o congestionamento e a densidade de mão de obra no principal canteiro, entre outros ganhos. Ele fez ainda uma comparação entre os custos de fabricação de módulos em diferentes regiões do mundo, dando como exemplo de lugar barato o Vietnã, onde o preço fica em torno de US$ 2,5 mil por tonelada, enquanto nos EUA esse custo está próximo de US$ 6 mil por tonelada. No entanto, o executivo ressaltou que há algumas desvantagens no processo, como a necessidade de uma engenharia adicional, um projeto logístico mais complexo e alguns custos extras com o transporte de módulos.

“Por isso é muito importante que haja uma análise cuidadosa antes de se escolher a melhor forma de execução do projeto. É preciso que sejam levadas em conta as especificidades de cada projeto e que se pesem os pontos positivos e negativos da modularização, para ver o que vale mais a pena”, disse.

 

Fonte: Portos e Navios

 

04/09/2014|Seção: Notícias da Semana|Tags: |