O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) concedeu licença de operação para o Estaleiro Paraguaçu, empreendimento de R$ 2,6 bilhões que está sendo erguido na região do Recôncavo Baiano, no município de Maragogipe, a 150 km de Salvador.
O aval, concedido mais de oito meses após a solicitação da licença, dá sinal verde para o início das operações do Paraguaçu, que pertence à Enseada Indústria Naval, cujos sócios são as empreiteiras brasileiras Odebrecht, OAS e UTC, com 70%, e o grupo japonês Kawasaki, com 30%.
A Enseada – que ainda controla um estaleiro em Inhaúma, no Rio de Janeiro – tem carteira de pedidos da ordem de US$ 6,5 bilhões. Caberá à unidade baiana, que recebeu a licença, a produção de seis navios-sonda encomendados pela empresa Sete Brasil para operação no pré-sal.
Quatro navios-sonda serão operados pela Odebrecht Óleo e Gás e os outros dois ficarão com a Etesco /OAS. O valor global do contrato é de U$ 4,8 bilhões. Já a unidade de Inhaúma trabalha na conversão de quatro navios petroleiros nas futuras plataformas P-74, P-75, P-76 e P-77.
A primeira sonda para a Sete Brasil está prevista para ser entregue no segundo semestre de 2016. A expectativa é de as entregas seguintes ocorram gradativamente até janeiro de 2020. A qualificação de pessoal é um dos principais desafios.
Em janeiro deste ano, o presidente do estaleiro, Fernando Sampaio, foi ao Japão para tratar da transferência de tecnologia dos sócios do estaleiro Kawasaki. Cerca de 30 funcionários baianos do empreendimento também viajaram ao país asiático para participarem de treinamento.
O processo de transferência de tecnologia envolve, além do treinamento dos trabalhadores, fornecimento de acervo técnico, de softwares de gestão e de engenharia e assistência técnica.
O Paraguaçu ocupa uma área de 1,6 milhão de metros quadrados e foi concebido para processar até 36 mil toneladas de aço por ano com apenas um turno de operação. Com o início da produção, algo em torno de 15 mil empregos diretos e indiretos devem ser gerados na região, segundo a empresa.
No mês passado, entretanto, cerca de cem pessoas fizeram uma manifestação na BR-420, nas proximidades do estaleiro, reivindicando os empregos prometidos no empreendimento.
A licença de operação era esperada para março deste ano. Para dar o aval, o Ibama listou uma série de exigências, entre elas a apresentação, no prazo de 60 dias, de propostas de ações para monitoramento e eventual manejo de “espécies exóticas invasoras aquáticas”. Os empreendedores também terão que dar continuidade a 16 programas mitigatórios. Procurados, representantes do estaleiro não foram encontrados para comentar.