Brasil afeta resultado de fornecedores

  • 17/11/2014

Impactadas pelo intervalo de cinco anos sem leilões de blocos exploratórios, entre 2008 e 2013, as atividades de perfuração de poços de petróleo e gás estão em queda no Brasil. No rastro do menor ritmo das petroleiras, fornecedoras globais da indústria, como Tenaris (controlada do grupo ítalo argentino Techint), a americana Baker Hughes e a francesa Vallourec, vêm reportando queda de receita no mercado brasileiro nos últimos meses e já colocam o país como principal responsável no recuo de negócios na América Latina.

Segundo informações do Banco de Dados de Exploração e Produção (BDEP), da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), as perfurações de novos poços no Brasil caem 18% em 2014. No ano, até 31 de outubro, foram contabilizadas 434 perfurações – de poços exploratórios, desenvolvimento e produção. Isso significa uma redução próxima de 100 poços na comparação com os dez primeiros meses de 2013.

Ainda segundo dados da agência reguladora, tanto as atividades em terra quanto em mar estão em queda. Enquanto no onshore a redução no ritmo das perfurações é de 12%, as atividades marítimas caíram 32%. Por exemplo, a fabricante francesa de tubos de aço Vallourec foi bem explícita ao atribuir a redução de 69% do lucro global no terceiro trimestre à queda na demanda brasileira. A empresa lucrou € 25 milhões (US$ 31 milhões) no período. As vendas totais da companhia caíram 2,6%, para € 1,34 bilhão (US$ 1,67 bilhão).

De acordo com a companhia, os negócios no Brasil foram afetados pela deterioração do ambiente macroeconômico no país e pela decisão da Petrobras de eliminar a maior parte de seus estoques de tubos até o final do ano, o que afetou as oportunidades de novas encomendas. O desempenho brasileiro foi atenuado, segundo a companhia, pelas operações “robustas” no mercado de gás nos EUA.

Já a Baker Hughes vem registrando no acumulado deste ano, até setembro, aumento de 9% nas receitas mundiais, para US$ 17,92 bilhões. Mas as vendas apuradas no Brasil não têm conseguido acompanhar o desempenho global. “A receita aumentou em todos os segmentos, com exceção da América Latina, que foi impactada pelas reduções na Venezuela e no Brasil. A redução no Brasil é atribuída primeiramente pela redução nas atividades de perfuração e pela deterioração do preço praticado no país”, citou relatório do terceiro trimestre da empresa, cuja receita na América Latina, o quarto maior mercado da fornecedora, caiu 3%, para US$ 1,65 bilhão nos nove primeiros meses de 2014.

A baixa nas perfurações no Brasil e na Venezuela foi também reportada pela Tenaris, que tem registrado vendas 22% menores no mercado sul-americano – num total de US$ 1,34 bilhão até setembro. “Na América do Sul, apesar do aumento gradual na Argentina, as vendas continuam a ser afetadas por baixo nível de vendas no Brasil e na Venezuela”, cita a empresa no relatório do terceiro trimestre.

A Halliburton cita a redução das atividades em águas profundas no Brasil como um dos destaques operacionais da América do Sul no terceiro trimestre. Responsável por 12% das receitas, a região é o quarto maior mercado da fornecedora, atrás das divisões América do Norte, Europa/África e Ásia/Oriente Médio. O desempenho no Brasil, porém, não chega a comprometer os resultados da companhia, cuja receita totalizou US$ 1,05 bilhão no terceiro trimestre na América do Sul. O desempenho representa uma alta de 4% sobre igual período de 2013, embora abaixo da taxa de crescimento global de 16%.

 

Valor Econômico – André Ramalho | Do Rio

 

17/11/2014|Seção: Notícias da Semana|Tags: |