A balança de petróleo e derivados se comportou de forma mais favorável às contas externas do país em outubro. Em relação ao mesmo mês do ano passado, o déficit do setor recuou 60%, puxado por forte retração nas compras do óleo bruto e de combustíveis e pelo aumento dos embarques feitos pela Petrobras ao exterior. Apesar dos números favoráveis, a recuperação do petróleo não deverá ser suficiente para ajudar a balança comercial do país a registrar superávit neste ano.
As importações de petróleo caíram pela metade no mês passado – sempre na comparação com outubro de 2013 – e não passaram de US$ 946 milhões. Ao mesmo tempo, as compras de derivados de petróleo recuaram 24% e atingiram US$ 1,611 bilhão. Como resultado, as importações do setor, que somaram US$ 4 bilhões no ano passado, não passaram de US$ 2,5 bilhões em outubro deste ano.
Outro reforço recebido na balança comercial do setor ocorreu via exportações do óleo bruto, que aumentaram 32% e chegaram a US$ 1,3 bilhão. O valor foi alcançado devido ao incremento no volume embarcado ao exterior, que cresceu 51,5%, ainda segundo dados divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).
A recente queda na cotação internacional do barril de petróleo, ocorrida entre o final de setembro e a segunda semana de outubro, foi sentida nos dados de comércio exterior do setor, já que a commodity foi vendida a um preço 12,5% menor do que em outubro do ano passado. Os embarques de óleos combustíveis, no entanto, recuaram US$ 306 milhões para US$ 115 milhões.
Para Rodrigo Branco, economista do Centro de Estudos de Estratégias de Desenvolvimento (Cedes/Uerj), a melhora no desempenho de petróleo e derivados ocorrida principalmente neste segundo semestre não será suficiente para segurar a perda de divisas nas exportações com o recuo dos preços internacionais de commodities como minério de ferro, soja e milho.
O aumento da produção nacional de petróleo deverá ser insuficiente para “salvar” a balança comercial de um déficit neste ano. “O que é um cenário diferente do esperado nos meses anteriores, quando a recuperação das vendas do óleo bruto apareceu como a esperança para conter a queda das exportações totais”, diz o economista.