O fraco ritmo do comércio exterior brasileiro em contêineres via transporte marítimo reduziu, novamente, a estimativa de crescimento do setor neste ano, de 4% para 3%. A estimativa é do armador de contêineres Maersk Line, o maior do mundo, a partir de dados compilados pela Dataliner. Originalmente, a previsão era que as importações e exportações em contêineres (que transportam geralmente cargas de alto valor agregado) crescessem de 5% a 6%. Em junho essa projeção foi revista para baixo e, agora, diante de um terceiro trimestre frustrante, o setor fala em alta de no máximo 3%. Os números absolutos não foram abertos.
“A queda na importação foi bastante forte desde agosto, quando esperávamos uma recuperação na demanda antes de Natal, e o crescimento na exportação deixou de aumentar o suficiente para mitigar esta redução expressiva”, afirma o diretor comercial da Maersk Line no Brasil, Mário Veraldo.
O armador, um dos mais atuantes nos tráfegos que servem o Brasil, deverá crescer em linha com o mercado, fechando este ano com 650 mil Teus (contêineres de 20 pés) transportados tendo o Brasil como origem ou destino. Com 15% de participação no transporte de contêineres na América Latina, a Maersk Line completou recentemente um plano de investimento de US$ 2,2 bilhões em 16 navios projetados para escalar os portos de águas rasas do Brasil. “Estamos analisando como ajustar a nossa capacidade novamente para este novo cenário”, afirmou Veraldo.
No terceiro trimestre do ano, as importações e exportações brasileiras por contêineres para o resto do mundo cresceram 3%, com as exportações subindo 4% e as importações caindo 7%. Apesar do aumento combinado, o índice do terceiro trimestre ficou abaixo do crescimento verificado no segundo e no primeiro trimestres, quando os desembarques e embarques aumentaram, respectivamente, 3,8% e 4,1%.
Veraldo diz que a flutuação do real teve impacto positivo para as exportações, permitindo que algumas commodities aumentassem a presença em alguns mercados internacionais. Mas isso pode ser um problema. “Estamos receosos em relação a este aumento por conta dos problemas de infraestrutura que continuam a impactar os acessos aos portos brasileiros”, diz o executivo. Segundo ele, o acesso terrestre aos portos, a manutenção dos calados para a chegada dos navios, e a burocracia representam, ainda, entraves para o sucesso futuro do comércio do Brasil.