Log-In vai definir plano de expansão da frota em 2015

  • 02/12/2014
Vital Lopes, presidente da Log-In: primeira alternativa é construir no Brasil

Vital Lopes, presidente da Log-In: primeira alternativa é construir no Brasil

A Log-In, especializada na navegação de cabotagem, tem planos de expandir a frota. A decisão de construir novos navios faz parte de um planejamento estratégico de até cinco anos que será definido em 2015. No segundo semestre do próximo ano, esse estudo deve ser submetido à aprovação do conselho de administração da empresa. “Nossa primeira alternativa é a construção [de novos navios] no Brasil. Se não conseguirmos, buscaremos uma segunda opção”, disse ontem Vital Jorge Lopes, presidente da Log-In.

A Log-In opera com oito navios de contêineres na cabotagem, o que lhe garante capacidade de quase 20 mil TEUs (contêiner equivalente a 20 pés). Com o crescimento anual de dois dígitos da navegação na costa brasileira, a empresa entende que há oportunidades a serem capturadas no setor. Hoje, a Log-In tem quatro navios alugados, três dos quais serão substituídos quando a companhia receber embarcações próprias cuja construção atrasou no Estaleiro Ilha S.A. (EISA), do Synergy Group.

Após meses de negociações, Log-In e EISA assinaram, na quinta-feira, aditivo ao contrato original para concluir os quatro navios em atraso (três de contêineres e um de bauxita). A Log-In terá de fazer investimentos adicionais de R$ 74,5 milhões para concluir os navios, um aumento de cerca de 5% em relação ao orçamento original. Esse acréscimo resulta em boa parte de um prazo maior para entrega dos navios. O novo cronograma acertado com o estaleiro prevê as entregas entre outubro de 2015 e outubro de 2017.

Lopes afirmou, em conferência com analistas, na semana passada, que a construção no Brasil continua a ser “mais vantajosa” considerando as condições de financiamento dos navios via Fundo da Marinha Mercante (FMM), fonte de longo prazo para o setor. Vital disse que a Log-In deve protocolar ainda este ano pedido de suplementação dos R$ 74,5 milhões junto ao conselho diretor do FMM. A Log-In também vai tentar reestruturar o financiamento junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), agente financeiro do FMM. O pleito se apoia no fato de que a Log-In continuou pagando os empréstimos do BNDES, referentes aos barcos em atraso, depois do término do período de carência do financiamento, o que sacrificou a geração de caixa da empresa.

No terceiro trimestre, a companhia registrou prejuízo de R$ 47,7 milhões. No total, a Log-In encomendou ao EISA sete navios, dos quais cinco para transporte de contêineres e dois graneleiros para bauxita. O investimento total nessas embarcações, incluindo realizado mais estimado, alcança R$ 1,37 bilhão, segundo dados da empresa.

Dos sete navios, somente três foram entregues até agora. Vital disse que três elementos foram determinantes para o acordo com o EISA. A injeção de capital de investidores no estaleiro, a decisão de fazer desembolsos atrelados à evolução física e financeira dos navios e não mais relacionados com o cumprimento de marcos nas obras. E a inclusão, nos contratos, de garantias mais robustas. A Log-In não abriu mão de multas contratuais, mas poderá conceder reduções nessas penalidades ao EISA caso o estaleiro cumpra o novo cronograma estabelecido.

Há dúvidas no mercado, porém, se o EISA pode ser viável a médio e longo prazos, o que depende de um novo aporte de recursos e de um acordo global com todos os clientes. Fonte próxima do estaleiro disse que as negociações com os clientes estão andando bem, mas o acordo com a Log-In garantiu uma “virada”. O EISA recebeu empréstimo de US$ 40 milhões de um fundo nos Estados Unidos e poderá receber mais US$ 80 milhões desse fundo, o que depende do cumprimento de condições precedentes.

 

Fonte: Valor Econômico – Francisco Góes | Do Rio

 

02/12/2014|Seção: Notícias da Semana|Tags: |