Noruegueses nas sondas da Sete Brasil

  • 12/12/2014

A Sete Brasil está estudando novas soluções para operar as cinco sondas remanescentes da desistência da Petroserv e da Etesco. A operação está sendo negociada com os grupos noruegueses Seadrill e a Odfjell. A intenção seria se valer da experiência operacional do grupo de executivos – alguns dos quais vieram da Schahin – e quem sabe deixar de ser vista apenas como uma empresa de ativo para se transformar gradativamente em uma operadora de sondas.

Paralelamente, a empresa pretende arranjar uma saída também para as sete primeiras sondas que deverão ter uma nova licitação aberta pela Petrobras e para contratação do serviço de operação, no início de 2015. A solução em análise envolveria um modelo de operação conjunta entre a Sete Brasil e empresas de perfuração, englobando possivelmente as 12 unidades.

Contratualmente, a primeira unidade do pacote das sete sondas sem operação, o NS Arpoador, que está sendo construído pelo Jurong, tem entrada em operação prevista para junho de 2015, prazo que deverá escorregar para o fim do ano.

Sem BNDES

A Sete Brasil entrará o ano de 2015 ainda às voltas com dificuldades financeiras e precisando buscar soluções para seus problemas econômicos-operacionais. Contrariando as expectativas da empresa, que detém contrato com a Petrobras para construir e afretar 28 sondas de perfuração, com entrada em operação prevista para o período de 2015 a 2020, o BNDES não irá liberar o financiamento de cerca de US$ 22,5 bilhões, previsto para ser concedido neste mês de dezembro.

A informação foi confirmada pela Brasil Energia Petróleo & Gás junto a fontes do BNDES e da própria Sete Brasil. A mudança no timing da operação foi motivada pelo fato de haver risco de o esquema de corrupção da operação Lava-Jato se estender também à Sete Brasil.   As suspeitas estão apoiadas no fato de Pedro Barusco, ex-diretor da Sete Brasil, ter feito acordo de delação premiada, confirmando seu envolvimento em esquemas de corrupção na Petrobras e comprometendo-se a devolver cerca de US$ 97 milhões. Barusco foi diretor de Operações e Participações da Sete Brasil de 2011 a 2013, tendo ocupado o cargo de suplente no Conselho de Administração do grupo. O executivo participou dos primeiros anos de criação da empresa, atuando na estrutura de montagem do negócio.

Considerado crucial à sobrevivência da Sete Brasil, o financiamento do BNDES vem sendo negociado há quase um ano e a expectativa mais recente era de que a linha fosse liberada em dezembro, dividida em três etapas. O primeiro aporte de recursos liberado pela instituição seria de cerca de R$ 10 bilhões.

Diante dos acontecimentos recentes, não há no momento qualquer sinalização de quando os recursos do BNDES serão liberados e se efetivamente serão concedidos.

Após o episódio da OGX, o BNDES tem se mostrado mais cauteloso, sobretudo agora diante dos holofotes da operação Lava Jato.

Sem ter conseguido assegurar financiamento de longo prazo, mesmo três anos após sua criação, a empresa vinha sobrevivendo através de empréstimos ponte. Em novembro, a Sete Brasil recorreu a mais um empréstimo ponte para liquidar compromissos assumidos, desta vez junto à Caixa Econômica Federal, que liberou cerca de US$ 400 milhões.

A Sete Brasil será obrigada a recorrer a mais um empréstimo ponte no mercado. Aparentemente, o grupo já estaria mantendo conversas com o Banco do Brasil. O problema é que diante de o risco da empresa estar envolvida nos escândalos da operação Lava Jato e da crise financeira que ronda o mercado, qualquer dinheiro liberado terá um custo alto, com taxas supostamente maiores que as já praticadas.

Nos quadros a seguir a Sete Brasil informa sua estratégia de financiamento e a estrutura internacional com a participação societária dos parceiros.

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Fonte: Brasil Energia – Claudia Siqueira
12/12/2014|Seção: Notícias da Semana|Tags: |