Com a trajetória de queda do preço do petróleo, a Queiroz Galvão Exploração e Produção (QGEP) vai avaliar se fará a perfuração do terceiro poço de produção do campo de Atlanta, no bloco BS-4, na Bacia de Santos. O investimento para perfurar o poço é de cerca de US$ 100 milhões.
“Essa decisão vai envolver a evolução do mercado atual de óleo. A decisão desse investimento versus a recompensa do preço do óleo vai vir daqui a oito a dez meses. É o tempo que a gente precisa para acompanhar o mercado”, afirmou ontem o diretor de Produção da QGEP, Danilo Oliveira, em teleconferência com investidores sobre a assinatura do contrato de afretamento da plataforma para o sistema antecipado de Atlanta, firmado quarta-feira com a Teekay Offshore.
O acordo prevê a utilização de uma FPSO (sigla em inglês para plataforma marítima de produção e armazenamento de óleo e gás) com capacidade de produção de 30 mil barris/dia e de armazenamento de 180 mil barris de óleo. Os dois poços produtores já perfurados vão garantir uma produção de 25 mil barris/dia. O investimento total no sistema antecipado é de US$ 520 milhões. Os custos operacionais, incluindo a taxa de afretamento serão de US$ 480 mil/dia.
A unidade está prevista para iniciar a produção em meados de 2016, quando a QGEP deverá lançar a licitação para a contratação do sistema definitivo. Tudo indica que a nova unidade também será uma FPSO, mas de porte maior, com capacidade para 80 mil barris/dia. A meta é que o sistema definitivo entre em operação em 2019, com mais dez poços produtores.
“Essa operação [contratação do sistema antecipado] vai consolidar algo que estamos buscando já há algum tempo, que é a nossa inserção como operadores em águas profundas, porque é algo que está intimamente ligado ao futuro da exploração e produção no Brasil. Isso nos eleva a outro patamar de companhia” disse o diretor geral da QGEP, Lincoln Guardado. A FPSO vai operar em lâmina d’água de 1.550 metros de profundidade.
A QGEP é a operadora do bloco BS-4, com 30% de participação. Os demais sócios são a OGPar (antiga OGX, fundada pelo empresário Eike Batista), com 40%, e a Barra Energia, com os 30% restantes.
Segundo Guardado, a OGPar “tem cumprido com todas as suas obrigações” contratuais. Ele explicou que a entrada dos “bondholders” no capital da OGPar gera tranquilidade em relação ao suporte para o caixa. O executivo frisou, porém, que em 2015 os desembolsos no projeto deverão ser menores, basicamente para aquisição de linhas flexíveis e cabos umbilicais.
Com relação ao mercado, Guardado disse que a companhia prevê a retomada do aumento do preço do petróleo tipo Brent (atualmente em US$ 60 o barril) a partir de 2017 e 2018. Segundo ele, o recuo acentuado do preço recentemente não se deve a uma questão de oferta e demanda, mas principalmente a uma “queda de braço” entre integrantes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e países produtores de “shale oil” e “shale gas” (óleo e gás não convencionais), sobretudo os EUA.