Escoamento da safra pelo Norte é aposta

  • 14/01/2015

A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, e os ministros do Transportes, Antônio Carlos Rodrigues, e da Secretaria dos Portos, Edinho Araújo, anunciaram ontem uma série de medidas para agilizar o escoamento da safra 2014/15 de grãos do país. Sem detalhar nenhuma delas, o trio anunciou para março o lançamento do edital para concessão da Hidrovia do Tocantins e garantiu a instalação de novos terminais de uso privado (TUPs) no Pará e a implantação da primeira fase do Terminal de Grãos do Porto de Itaqui (MA).

Outra medida, antecipada ontem pelo Valor , será a criação de mais um pátio para caminhoneiros aguardarem antes de descarregar seus veículos no porto de Santos. Outras ações planejadas pelo governo consistem em informatizar o agendamento de caminhões que despacham em Santos – que hoje é feito manualmente – e ampliar o controle sobre quantidade de carga e de caminhões que se movimentam pelo porto diariamente. Os ministros não souberam informar os prazos de implementação nem custos envolvidos.

A ministra da Agricultura defendeu que o escoamento de grãos no país, principalmente de soja, seja incrementado nos portos de Belém e Maranhão. Hoje, esse escoamento está concentrado nos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR). “Precisamos fazer com que o Eixo do Arco Norte possa progredir, porque já estamos com 55% da safra de grãos produzidos nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, mas ainda escoamos mais de 80% por Paranaguá e Santos e só 14% por Belém e Itaqui [Porto de Itaqui, no Maranhão]. Mas precisamos reverter essa situação”, disse a ministra, após a apresentação de medidas para escoamento da safra 2014/15.

Para ela, a rota do escoamento de grãos precisa ser desafogada para que os produtores tenham redução em seus custos e commodities como soja e milho levem menos dias para chegar de navio à China ou ao Porto de Roterdã, na Holanda. “Se um navio sair de Paranaguá, ele levará cinco dias a mais para chegar em Roterdã do que saindo de Belém ou Itaqui. Então precisamos dar competitividade interna ao produtor e para que nossos grãos cheguem lá fora em menos tempo”, acrescentou.

A ministra também afirmou que o transporte da soja proveniente de cidades de Mato Grosso, como Lucas do Rio Verde e Sorriso, por exemplo, podem ter frete reduzido de R$ 260 a R$ 270 por tonelada para entre R$ 204 e R$ 205 se o trajeto for pelos portos de Belém e do Maranhão, e não por Santos e Paranaguá. Esses portos do Norte do país precisam ampliar sua capacidade, ressaltou. “Para isso, os ministérios de Transportes e Portos estão trabalhando para melhorar a qualidade das nossas estradas e portos”, disse.

No anúncio das medidas, Kátia também destacou que é possível perceber avanços nas melhorias já feitas em Santos, por exemplo, com relação ao número de horas em que os navios ficam estacionados no porto para despachar as cargas. “Esperamos que nessa safra 2014/15 a diminuição de horas paradas de navios tenha redução de 70% com relação aos últimos cinco anos. As multas por horas paradas já reduziram bastante também, mas já alcançaram R$ 200 milhões em um mesmo ano”, concluiu.

Fonte: Valor Econômico – Cristiano Zaia e Murillo Camarotto
14/01/2015|Seção: Notícias da Semana|Tags: |