Demolição de navios na praia em Gadani, Paquistão, em 2013. Foto: NGO Shipbreaking Platform.

Sul da Ásia lidera demolição de navios com acidentes de trabalhadores

  • 27/01/2015

Do total 1.026 navios demolidos no mundo, em 2014, 641 ou 74% do total da demolição de navios para aproveitamento da sucata de aço foram vendidos para operações fora do padrão de segurança industrial no Sul da Ásia, na Índia, Paquistão e Bangladesh. Os navios são demolidos diretamente nas praias, segundo informa a organização não governamental internacional NGO Shipbreaking Platform.

“A demolição da maior estrutura móvel construída pelo homem é uma tarefa perigosa e precisa ser realizada de forma adequada usando infraestrutura industrial como guindastes. Em 2013 foram registradas 23 mortes e 66 ferimentos graves em acidentes com explosivos e esmagamento de trabalhadores sob pesadas chapas de aço. O Sul da Ásia é a região preferida pelos donos dos navios por não existir regras ambientais, de segurança ou direitos trabalhistas”, disse Patrizia Heidegger, diretora executiva da NGO Shipbreaking Platform.

“Os donos dos navios vendem seus navios como sucata para operadores de demolição nas praias com um lucro maior que o obtido no caso de cooperação com estaleiro especializado na reciclagem de navios. É vergonhoso que a indústria de transporte marítimo escolha fechar os olhos para essa realidade e não adotem uma política responsável de reciclagem dos navios”.

 

Na lista a Petrobras está em quarto lugar

A NGO Shipbreaking Platform divulga a lista dos donos de navios que mais utilizam a opção de venda dos navios para demolição e sucateamento no Sul da Ásia.

Lista dos principais sucateadores sem controle

  1. Dono de frota alemão Ernst Komrowski, que vendeu, em 2014, 14 navios da frota da Maersk;
  2. Hanjin Shipping , da Coréia do Sul, com 11 navios vendidos para demolição e sucateamento no Sul da Ásia;
  3. Mediterranean Shipping Company (MSC), com sede na Suiça, segunda maior transportadora de contêineres do mundo;
  4. Petrobras, Brasil, demolição de seis navios no Sul da Ásia;
  5. Conti, Alemanha;
  6. Danaos, Grécia;
  7. G-Bulk , Grécia;
  8. Ignazio Messina, Itália;
  9. TBS International, EUA;
  10. MOL, Japão;
  11. Yang Ming, Tawain;
  12. Pacific International, Cingapura.

A organização denuncia que Hanjin e MSC são as transportadoras marítimas de contêineres que apresentam as piores práticas para sucateamento de seus navios. Grandes operadoras como a Maersk e a Hapag-Lloyd já firmaram compromissos para melhorar sua pratica de reciclagem de navios.

No total de navios demolidos em 2014, 285 eram propriedades de empresas da Europa, dos quais 182 foram vendidos para demolição com risco a operadores do Sul da Ásia. A organização destaca que essa prática pode ser melhorada e cita como exemplo a China, o único país com grande frota própria de navios que está construindo capacidade própria para gerenciamento correto da atividade de demolição e sucateamento dos seus navios em fim de ciclo operacional.

 

Fonte: World Maritime News

 

27/01/2015|Seção: Notícias da Semana|Tags: |