As dificuldades financeiras vividas por epecistas na área de óleo e gás já afetam pelo menos 40 empreendimentos no setor — a grande maioria da Petrobras. Cerca de 80 empresas de engenharia devem a fabricantes de máquinas e equipamentos R$ 290 milhões referentes a mais de 300 contratos de fornecimento para esses projetos. Os dados foram levantados pela Abimaq com 41 empresas associadas.
As dificuldades financeiras foram ampliadas depois da prisão dos executivos das empreiteiras investigadas pela Operação Lava Jato. Com dificuldade de obter crédito, muitos consórcios vencedores das licitações da Petrobras não estão conseguindo pagar seus subfornecedores. O Palácio do Planalto já demonstrou preocupação com a questão e o próprio ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, já afirmou que é preciso preservar as empresas e os empregos.
Entre os empreendimentos estão plataformas, refinarias, unidades de fertilizantes, terminais e gasodutos. A situação mais grave é a de fornecedores dos FPSOs replicantes (P-66 a P-73), que têm a receber ou faturar mais de R$ 100 milhões. Na UFN III, a dívida ultrapassa os R$ 35 milhões; na RNEST, R$ 26 milhões; nos FPSOs da cessão onerosa (P-74 a P-77), R$ 25 milhões; no Comperj, R$ 24 milhões; e na Replan, R$ 19 milhões.
O levantamento da Abimaq aponta ainda atrasos de pagamentos a fornecedores da UTGCA, FAFEN-BA, P-55, P-58, P-62, Refap, Regap, Rlam, Revap, RPBC, Tecab, Terminal Aquaviário Ilha Redonda, e do FPSO Peregrino (Statoil), entre outros projetos.
A associação industrial não informa o valor de todos os contratos, mas pouco mais da metade deles (184) envolve mais de R$ 700 milhões.
De acordo com presidente do Conselho de Óleo e Gás da Abimaq, César Prata, os atrasos nos pagamentos poderão levar empresas à falência e a demissões em massa, comprometendo parte da cadeia produtiva do setor petróleo no Brasil. Para ele, a decisão de buscar novos fornecedores no exterior, como ocorreu no caso dos módulos dos FPSOs replicantes encomendados à Iesa O&G — que serão contratados por meio de uma nova licitação internacional – seria equivocada.
“Muitos equipamentos estão prontos, testados, embalados e já foram parcialmente pagos. Portanto, podem ser entregues rapidamente, apenas com a quitação de um saldo devedor, que é apenas parte do valor do bem”, justifica o dirigente.
A Statoil informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que está em dia com suas obrigações contratuais. Segundo a petroleira, cabe às empresas contratadas honrar compromissos financeiros assumidos pelas mesmas.
Fonte: Brasil Energia — João Montenegro