O Banco do Brasil e a Caixa Econônica Federal (CEF) assumiram a liderança da operação de financiamento de longo prazo da Sete Brasil, até então comandada pelo BNDES. Os dois bancos vão discutir e estruturar um novo financiamento para a empresa, que tem em carteira 29 sondas em construção, sendo 28 afretadas à Petrobras. A mudança no comando da operação foi acordada há cerca de duas semanas e tem por objetivo acertar o financiamento, fundamental à sobrevivência da Sete Brasil.
A liberação dos recursos está condicionada ao corte do número de sondas de perfuração, estratégia que já começou a ser oficialmente discutida e analisada por um grupo de executivos da Sete Brasil, do Banco do Brasil, da CEF e por alguns acionistas do grupo, como Santander, Itaú e Bradesco. A intenção é reduzir a necessidade de recursos, originalmente dimensionada em US$ 22,5 bilhões, e toda a exposição ao risco das instituições e empresas envolvidas no empreendimento.
A mudança na liderança do financiamento foi motivada pelo entendimento comum do governo, instituições e empresas envolvidas no empreendimento de que a estrutura do BNDES dificulta à aprovação da operação. A avaliação é de que as sistemáticas do Banco do Brasil e da Caixa Econômica são mais ágeis, havendo mais possibilidade de sucesso na condução do negócio, no curto prazo.
O processo de reformatação da Sete Brasil está sendo conduzido a toque de caixa, mas não há um prazo pré-determinado para sua conclusão. “Estamos falando de uma operação muito complexa, que tem que ser estruturada no menor prazo possível, mas isso não é coisa que só resolva em menos de dois meses. São muitas variáveis para serem contornadas, muitos interesses envolvidos”, sentencia uma fonte que participa do grupo de trabalho.
Conforme antecipado pela Brasil Energia Petróleo & Gás, a reestruturação da Sete Brasil será profunda. Análises mais recentes feitas pelo grupo de trabalho apontam para um corte de 12 a até 16 sondas. A tendência é de que todos os estaleiros tenham parte de suas encomendas canceladas. A maior dúvida gira em torno da situação do EAS, que recentemente anunciou a decisão de não dar continuidade ao seu contrato com a Sete Brasil.
Ao todo, a Sete Brasil tem encomendadas sete sondas ao EAS, sete ao Jurong, seis ao Brasfels, seis ao Enseada Indústria Naval e três ao Rio Grande (Ecovix). Das 29 sondas da carteira, 17 estão em fase de construção, sendo cinco no Brasfels, quatro no EAS, quatro no Jurong, duas no Enseada e duas no ERG.
Sem recursos do financiamento de longo prazo, já tendo recorrido a seis empréstimos ponte e citada na operação Lava Jato, a Sete Brasil enfrenta graves problemas financeiros e não efetua pagamentos aos estaleiros desde novembro. Há duas semanas, o Standard Chartered Bank entrou com pedido de execução de garantias do empréstimo concedido à empresa, acionando o Fundo Garantidor de Construção Naval (FGCN), entidade administrada pela Caixa Econômica para assegurar o pagamento aos credores em caso de calote.
O BNDES negociava, há mais de um ano, com a Sete Brasil a liberação dos recursos do empréstimo de longo prazo, formatado originalmente para ser dividido em três bacht – dois tendo o banco como âncora e um tendo o Fundo de Marinha Mercante (FMM). Até o início do ano, as negociações estavam voltadas à liberação da primeira linha de crédito estruturada pelo banco de fomento, no valor de US$ 5 bilhões (US$ 3,1 bilhões aportados pelo BNDES, US$ 1,7 bilhão pela Caixa Econômica e US$ 200 milhões pelo UK).