Energia sustenta carteira de pedidos da GE no Brasil

  • 02/04/2015

Há mais de nove décadas no Brasil, no ano passado a multinacional americana de equipamentos, serviços e tecnologia (General Electric) GE teve que encontrar outras fontes de negócios para conseguir crescer. Com 40% de sua carteira no país tomada pelo segmento de óleo e gás, que ficou estagnado devido à crise que envolve a Petrobras, foi energia, em especial a de geração eólica, que puxou o crescimento da empresa, em 5%.

A carteira de pedidos da companhia no Brasil cresceu para US$ 4,4 bilhões no ano passado, puxada principalmente por projetos no segmento de energia eólica. Em quatro anos, a multinacional conseguiu dobrar sua carteira no país, que passou a responder por metade do volume de negócios do grupo na América Latina.

O presidente da GE para América Latina, Reinaldo Garcia afirma que “a necessidade de criar um ambiente mais propício aos negócios está latente”, mas destaca que em situações complicadas as oportunidades também existem. “A situação da energia é complicada, mas é uma oportunidade para nós”. A mesma avaliação, diz Garcia, vale para a crise hídrica. Ele assegura que a empresa dispõe de tecnologias com soluções emergenciais para esses setores.

No setor de transportes, com destaque para ferrovias, ao qual fornece locomotivas e serviços, a GE vê perspectivas promissoras. O desempenho não foi bom no ano passado, mas Garcia estima que será melhor em 2015. “Já temos projetos em vista”, afirmou, sem detalhar que projetos são esses.

O executivo disse que as encomendas nessa área podem subir 50% no ano, oriundas de pedidos de Vale, VLI e ALL-Rumo. “Não levar para frente o setor ferroviário é levar para trás, por exemplo, o setor de agronegócios”, afirmou.

A área energética da GE no Brasil teve crescimento de cerca de 20% no ano passado. Segundo Garcia, a empresa tem tecnologia de turbinas para térmicas, que podem ser ativadas em situações emergenciais para fornecimento de energia. Espera manter o ritmo de crescimento de um dígito, aproveitando oportunidades como as crise de energia e hídrica e a demanda reprimida por obras de infraestrutura.

O executivo diz que a empresa tem recebido mais consultas sobre as tecnologias de tratamento de água e estabelecido conversas sobre reúso do insumo com a Sabesp, estatal de saneamento.

Em eólica, a empresa tem uma fábrica de aerogeradores em Campinas (SP), na qual fabrica cerca de 90% do total desses equipamentos. “Continuamos elevando a capacidade dessa unidade”.

Onde a companhia enfrenta uma certa turbulência nos negócios é na área de óleo e gás, que depende muito dos investimentos de Petrobras. Com a estatal, que vive um momento delicado devido aos desdobramentos da Operação Lava-Jato, a GE tem uma série de contratos, principalmente na atividade de exploração do petróleo.

A GE investiu no país para atender a expansão dos clientes nesse setor. O Centro de Pesquisas inaugurado no Rio de Janeiro para atender principalmente a Petrobras demandou investimento de US$ 500 milhões.

Nos últimos três anos, a GE assinou contratos de fornecimento com a estatal que somam pelo menos R$ 4 bilhões, segundo levantou o Valor. Esses contratos envolvem fornecimento de equipamentos como cabeças de poço, manifolds e até sistemas elétricos de geração e distribuição, além de itens para plataformas.

Em um cenário em que fornecedores do setor de óleo e gás enfrentam problemas de pagamentos de empreiteiras contratadas pela Petrobras, a GE afirma que todos os seus contratos com a estatal estão sendo executados conforme o acordado. O presidente da empresa admite, no entanto, que há preocupação maior com as contratações feitas para fornecimento de software para a construção dos navios-sonda, dentro do pacote da Sete Brasil.

Entre abril de 2012 e 2013, a GE Power Conversion assinou contratos que somam US$ 600 milhões para fornecer sistemas para os navios-sonda e plataformas semisubmerssíveis a cargo da Sete Brasil, uma companhia que enfrenta dificuldades de caixa para cumprir as obrigações com os fornecedores. Esses navios (29) foram encomendados em cinco estaleiros do país.

Dentre os contratantes, que tem a GE como fornecedora de sistemas elétricos, estão o Estaleiro Atlântico Sul (EAS) e Ecovix – Engevix, que já relataram problemas de pagamentos por parte da Sete Brasil. Segundo a empresa, um terço desses contratos já foi executado.

Fonte: Valor Econômico – Victória Mantoan e Ivo Ribeiro
02/04/2015|Seção: Notícias da Semana|Tags: , |