Sem novas encomendas Polo Naval vira só base de duas indústrias

  • 24/04/2015

Recife (PE) – No primeiro governo Eduardo Campos quando estava completando 30 anos, Suape desenhou um cluster naval que previa um conjunto de industrias capaz de fazer frente aos complexos do Japão e da Coreia de Sul.

 

Além dos projetos do Atlântico Sul e do Vard Promar deveriam ser trazidos para ali pelo menos mais três ou quatro projetos. A área reservada (ainda que precise ser dragada) é pelo menos cinco vezes o que ocupam hoje os dois petroleiros.

 

Mas a julgar pelo futuro dos dois empreendimentos dificilmente essa área será ocupada com plantas navais. Especialmente depois do pacote de demissões de 450 empregados na última segunda-feira.

 

O Atlântico Sul só tem contratos firmados com a Petrobras Transportes S.A. (Transpetro) para a construção de 19 navios petroleiros uma vez que abriu mão dos que tinha com a Sete International GmbH para a construção de sete sondas de perfuração.

 

A companhia disse num comunicado que a contínua inadimplência da Sete Brasil e a total incerteza em relação à sua capacidade de retomar os pagamentos e dar cumprimento aos contratos a fez desistir dos projetos estimados em US$ 4,6 bilhões (em torno de US$ 662 milhões por sonda) e que deveriam ter nos nomes de praias cariocas como Copacabana, Grumari, Ipanema, Leblon, Leme, Marambaia e Joatinga.

 

O EAS começou a vida produtiva com uma carteira de 22 navios petroleiros (14 do tipo Suezmax e 8 Aframax) mais os sete navios sondas que desistiu dia 15 de fevereiro.

 

O estaleiro, como se sabe, começou a vida com uma associação com a coreana Samsung mas devido a desentendimentos em agosto de 2013 desfez o contrato e fechou um contrato com a JEI – Japan EAS Investimentos e Participações Ltda.

 

Como sócia que ficou com a participação atual de 33,33%, além de inclusão dos executivos da IHI na sua gestão. Hoje, ele constrói simultaneamente, os navios 4, 5, 6 e 7 dos contratos de 14 Suezmax.

 

Além do EAS, Suape tem o Estaleiro Vard Promar, que ano passado operação de lançamento ao mar do primeiro navio construído pela empresa em Pernambuco, o Barbosa Lima Sobrinho.

 

Essa embarcação é o terceiro gaseiro encomendado pela estatal de logística da Petrobrás, dentro de um pacote de oito. Os dois primeiros foram edificados na planta do estaleiro em Niterói para evitar atrasos no cronograma. No Rio foram construídos os gaseiros Oscar Niemeyer e Paulo Freire.

 

A série de gaseiros da Transpetro homenageia brasileiros notáveis. As embarcações vão integrar a frota da empresa no transporte de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), o gás de cozinha.

 

Os navios têm 117,63 metros de comprimento, 34 metros de altura, 19,2 metros de largura e capacidade para transportar 7 mil metros cúbicos de GLP. O pacote, que deverá ser entregue até 2017, está orçado em US$ 536 milhões.

 

O problema é que, fora esses contratos, nem o EAS nem o Vard Promar tem futuro. Se até 2017 eles não conseguirem novos contratos tudo que Pernambuco investiu ali vai ficar sem utilidade.

 

E não foi pouco que o contribuinte pôs ali. Além do “enxoval” dos dois estaleiros com a preparação das áreas e o treinamento de trabalhadores tudo isso corre o risco de não ter utilidade.

 

O Porto de Suape e o governo de Pernambuco investiu pelo menos R$ 300 milhões entre dinheiro próprio e antecipação de receitas da Petrobras apenas para o cluster naval.

 

Mesmo para a refinaria aonde se gastou mais R$ 350 milhões para preparar o porto para os navios petroleiros, o investimento com o polo naval foi muito grande. Na verdade, mais do que a refinaria e a Petroquímica Suape o polo Naval era maior aposta de Pernambuco. Se o EAS e o Vard Promar não tiverem futuro toda uma ancora de Suape também não terá futuro.

 

Então não é apenas a demissão de 450 trabalhadores é o fim de projeto em que o Governo de Pernambuco gastou muito dinheiro e que mirava na transformação de uma região de milhares de pessoas.

 

Fonte: Jornal do Commercio (PE) – Macaé Offshore
24/04/2015|Seção: Notícias da Semana|Tags: |