Nove pesos pesados do mercado financeiro brasileiro, entre bancos e fundos de investimento, possuem exposição acima de R$ 1 bilhão à Sete Brasil, empresa que foi criada para intermediar a contratação de sondas de perfuração pela Petrobras.
Levantamento feito pelo Valor com dados do fim de 2014 mostra que Banco do Brasil e Fundo de Investimento em Infraestrutura do FGTS (FI-FGTS) são os dois agentes que terão mais a perder caso a empresa não consiga alongar o perfil da dívida, com pouco mais de R$ 3 bilhões cada um.
O estudo tem como base os dados de balanço da empresa e também as participações dos sócios no FIP Sondas, que detém 95% do capital da companhia.
Logo em seguida aparecem BTG junto com seus clientes e fundos, com mais R$ 2,14 bilhões, Bradesco e fundos, com R$ 2,05 bilhões, Santander, com R$ 1,99 bilhão, e Itaú, com R$ 1,64 bilhão. Funcef, Petros e Caixa completam a lista dos que possuem mais de R$ 1 bilhão no risco.
Os nomes e as cifras envolvidas mostram a importância que o setor financeiro e o próprio governo dão para que se encontre uma solução para as finanças da empresa, sendo que a lista de opções inclui agora a busca de investidores asiáticos.
Em dezembro, a Sete tinha um total de R$ 13,5 bilhões para pagar a uma lista de credores que emprestaram dinheiro de curto prazo à companhia com a expectativa de que os empréstimos seriam rolados com recursos de longo prazo do BNDES – o que não ocorreu até agora. Como o capital comprometido pelos sócios alcança R$ 8,23 bilhões (dos quais R$ 7,8 bilhões já tinham entrado na empresa até dezembro), chega-se a uma exposição total de R$ 21,8 bilhões à companhia.
Do dinheiro recebido na forma de empréstimo, R$ 5,12 bilhões tiveram como destino a holding, enquanto outros R$ 8,45 bilhões foram recebidos em operações estruturadas, com garantia dada pela construção de embarcações que foram contratadas com cinco estaleiros instalados no país.
Os navios-sonda encomendados ao Atlântico Sul, que tem como sócios Camargo Corrêa e Queiroz Galvão, já receberam financiamento de R$ 2,99 bilhões.
As embarcações pedidas ao Jurong Aracruz tiveram acesso a R$ 2,35 bilhões em empréstimos.
Já os estaleiros Brasfels, Enseada Paraguaçu (que tem como sócios Odebrecht, OAS e UTC) e Rio Grande (Engevix) estão construindo embarcações que tiveram crédito alocado, respectivamente, de R$ 1,11 bilhão, R$ 1,06 bilhão e R$ 927 milhões pela Sete Brasil até agora.
Do lado dos sócios, o BTG Pactual foi o primeiro a registrar, no balanço do primeiro trimestre, baixa por perda de valor recuperável (impairment) em seu investimento. O ajuste foi de 25% do aporte original de R$ 1,12 bilhão, o que resultou numa perda de R$ 280 milhões antes de impostos. A diferença dos R$ 1,12 bilhão para o número de R$ 2,14 bilhões que aparece na tabela se explica porque o BTG não fez o investimento sozinho, mas sim com parceiros e fundos geridos pela instituição.
É de se esperar que outros sócios da Sete Brasil também promovam ajustes semelhantes, entre os quais diversos fundos de pensão, o FI-FGTS e também a Petrobras, que tem 5% diretamente do capital da empresa, mais uma fatia indireta de 4,37% por meio do FIP Sondas. Se adotar um ajuste semelhante ao do BTG, a Petrobras contabilizará uma baixa de R$ 200 milhões (antes dos efeitos dos impostos) no primeiro trimestre.
Fonte: Valor Econômico – Fernando Torres