O consórcio Integra (Mendes Junior e OSX) cedeu para o epecista chinês China Offshore Oil Engineering Corporation (COOEC) o contrato de construção de módulos e de integração dos FPSOs P-67 e P-70, unidades replicantes que serão instaladas nas áreas de Lula Norte e Iara Horst, no cluster do pré-sal da Bacia de Santos. O acordo foi sacramentado ontem (16/5), marcando mais um desfecho feito junto a grupos internacionais, confirmaram fontes do consórcio.
Com a transferência do serviço para o grupo chinês, o mais provável é que grande parte da obra acabe sendo transferida e finalizada no exterior. As obras de integração dos módulos da P-67 e da P-70 vinham sendo realizadas no estaleiro da OSX, no Porto do Açu, na região Norte do Rio de Janeiro. O ritmo do empreendimento preocupava a Petrobras, que temia também pela situação da OSX, em processo de recuperação judicial. Além disso, as dificuldades enfrentadas pela Mendes Junior, uma das empresas envolvidas na Operação Lava Jato, também preocupavam.
O E&P da Petrobras trabalha hoje com a meta de colocar em operação os dois FPSOs em 2017. Em abril, confirmando as projeções de mercado, a Petrobras admitiu durante o anúncio de seu balanço financeiro do ano passado que não conseguirá colocar em operação, em 2016, os sistemas de Lula Sul (P-66), Búzios I (P-74), Lula Norte (P-67) e Búzios II (P-75), em função do atraso nas obras de construção destas unidades próprias.
A Petrobras, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que o contrato com o consórcio Integra está mantido. “A Petrobras confirma a continuidade da execução do contrato que foi assinado com a empresa Integra para construção de módulos do pacote I e integração das plataformas P-67 e P-70”, disse a empresa em nota. Procuradas, Mendes Junior e OSX preferiram não se manifestar sobre o tema.
E não é apenas no contrato com o consócio Integra Offsshore que deve haver mudança. Passado o prazo de 60 dias de negociação, a Petrobras e o consórcio Queiroz Galvão/ Iesa (QGI) não conseguiram chegar a um consenso e as negociações para integração e construção de 19 módulos da P-75 e P-77 foram suspensas. O trabalho vinha sendo executado no estaleiro Honório Bicalho, em Rio Grande (RS).
O consórcio QGI pleiteava reposições contratuais decorrentes de mudanças no escopo do contrato, mas a Petrobras manteve sua posição de não formalizar nenhum aditivo em função de a Queiroz Galvão e a Iesa integrarem a lista de bloqueio cautelar gerada pelas denúncias da operação Lava Jato. O grupo reivindicava também a extensão de prazo contratual em seis meses.
Outro contrato que corre risco é o da integração dos FPSOs P-68 e P-71, a cargo do Jurong e que inclui também a construção dos módulos elétricos e de utilidades. A Petrobras negocia com o grupo, mas ao que tudo indica também não chegou a um consenso, pelo menos até o momento. O contrato tem atraso expressivo e, desde janeiro de 2014, sobrevive sob a ameaça de rescisão.
O plano da Petrobras, em caso de insucesso nas negociações, era lançar duas novas licitações internacionais, com previsão de ida ao mercado no início de junho. A petroleira estuda também o remanejamento de cascos, com vista a possíveis “swaps” das unidades e dos contratos de integração.
A situação das obras dos FPSOs próprios do cluster do pré-sal da Bacia de Santos é bastante delicada e já compromete o cronograma de entrada em operação dos novos sistemas originalmente programados para 2016. Os problemas ocorrem tanto na etapa de construção-integração dos módulos, quanto na fase de construção dos cascos.
As dificuldades são tantas que, recentemente, a área de Engenharia da Petrobras optou por distribuir a coordenação das obras dos FPSOS por mais de um gerente geral ligado à Gerência Executiva de Engenharia para Empreendimentos de E&P, comandanda por Marco Túlio Pereira Machado. Atualmente, o negócio é tocado pelos gerentes gerais Marina Fachetti, Altamiro Ferreira e Gilson Campos.
Fontre: Brasil Energia – Cláudia Siqueira e Felipe Maciel