Dilma diz que política de conteúdo local não será revista em seu governo

  • 15/05/2015

A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quinta-feira, 14, durante cerimônia de inauguração de dois navios petroleiros em Pernambuco, que a política de exigência de conteúdo local não deve ser revista no seu governo. “A política de conteúdo local não é algo que pode ser afastado, a política de conteúdo local é o centro da política de recuperação da capacidade de investimento deste País”, afirmou. “A política de conteúdo local veio pra ficar, é uma opção que fizemos ainda no governo Lula”, acrescentou.

Dilma foi enfática ao dizer que, no seu governo, as políticas de conteúdo local e regime de partilha nos campos de petróleo serão mantidas. “Queremos produzir no Brasil aquilo que pode ser produzido no Brasil”. Ela reconheceu que houve problemas quando a indústria naval foi retomada, mas disse que isso é normal no início da curva de aprendizado. “Que país não teve problemas quando resolveu empreender, ser pioneiro numa indústria?”, argumentou.

O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, disse recentemente que o governo estuda mudanças na política de conteúdo local para o setor de petróleo – que exige que boa parte dos equipamentos usados nos blocos de exploração sejam construídos no País. Segundo ele, o ministério trabalha para apresentar em 30 a 60 dias uma proposta para o governo, em parceria com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Dilma Rousseff participa de inauguração do navio André Rebouças em Ipojuca, Pernambuco.

Dilma Rousseff participa de inauguração do navio André Rebouças em Ipojuca, Pernambuco.

“Ambos os modelos fazem sentido, um quando não se sabe onde tem petróleo e outro quando se sabe que ali tem petróleo”, disse Dilma ao comentar sobre os modelos de concessão e de partilha. “Os dois modelos que vigem no Brasil serão mantidos. O modelo de concessões para a exploração e prospecção em áreas de alto risco, onde quem achar fica com o petróleo. E o modelo de partilha, na poligonal do petróleo, onde se sabe que tem muito petróleo, e de alta qualidade. Nesse caso, a sociedade brasileira tem de ter o direito à chamada parte do Leão”, afirmou Dilma.

A presidente participou da cerimônia no estaleiro Atlântico Sul (EAS), em Ipojuca (PE), para o lançamento do navio encomendado pela Petrobras André Rebouças, e do batismo do navio Marcílio Dias, ainda em fase de construção. Na plateia, estão centenas de funcionários, que relataram à Agência Estado, sem se identificarem, o clima de insegurança dentro do estaleiro.

Petrobras

A presidente também voltou a defender a Petrobras, afirmando que mesmo em meio ao escândalo de corrupção na estatal, a empresa ganhou o “Oscar tecnológico” na OTC. “Que ironia, no momento em que a gente enfrenta os malfeitos, as tentativas de uso indevido da empresa, os processos de corrupção, essa mesma empresa é forte o suficiente para ganhar o ‘Oscar tecnológico’ na OTC”, comentou. Ela afirmou que a companhia foi premiada por ter capacidade de extrair petróleo em grandes profundidades, a um preço competitivo.

Segundo Dilma, se a demanda por navios e plataformas não for atendida por trabalhadores brasileiros, por empresas instaladas aqui – “aceitamos também investidores de fora, que venham gerar emprego aqui” -, o Brasil corre o risco de viver a chamada maldição do petróleo, ou doença holandesa. “Temos de ter uma cadeia de petróleo e gás fornecendo produtos, com trabalhadores brasileiros”.

A presidente afirmou ainda ter a convicção que a Petrobras e a capacidade de exploração e produção de petróleo e gás vão transformar o Brasil em um grande exportador, mas mesmo antes disso a demanda por navios, plataformas e sondas vai continuar existindo. Para isso, explicou ela, além de demanda da Petrobras, existe o financiamento do Fundo da Marinha Mercante e o Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef).

Fonte: O Estado de São Paulo – Álvaro Campos, Marcio Rodrigues e Mario Braga

 

15/05/2015|Seção: Notícias da Semana|Tags: , , |