Em situação financeira desesperadora , o grupo Engevix deu ultimato à Caixa Econômica Federal informando a demissão de sete mil trabalhadores do seu estaleiro em Rio Grande, caso não seja liberado imediatamente a parcela de R$ 63 milhões para a construção de navios plataformas contratadas pela Petrobras.
A informação divulgada pelo jornal Valor Econômico relata que a empresa vive situação limite e precisa de dinheiro novo para assegurar sua sobrevivência. O sócio da Engevix, José Antunes Sobrinho, está na China para negociar empréstimo de US$ 230 milhões, os chineses condicionam a liberação do financiamento ao desembolso do financiamento acertado com instituições financeiras brasileiras.
A Engevix detém 70% do controle da Ecovix, controladora do Estaleiro Rio Grande (ERG). Na semana passada, o BicBanco, que há pouco mais de um ano foi vendido para o China Construction Bank, resolveu ir à Justiça cobrar R$ 67 milhões de dívidas não pagas pela Engevix. A reestruturação da dívida da Engevix está sendo feita pela consultoria Valuation, que até agora, segundo suas informações, já conseguiu assinar acordos com sete instituições.
A Engevix está vendendo seus ativos em outros segmentos. Assinou um acordo de entendimentos com a empresa argentina Corporación América para vender sua participação societária nos aeroportos de Natal e Brasília. O negócio pode dar um novo fôlego financeiro à empresa brasileira, envolvida na Operação Lava Jato e que está tendo de equacionar uma dívida de R$ 1,5 bilhão.
Os argentinos, que já eram sócios dos aeroportos, passarão a deter 100% da concessão de Natal e 51% da de Brasília. Os outros 49% pertencem à Infraero. Até agora, a Engevix conseguiu vender sua participação na Desenvix, empresa de energia que detinha participações em eólicas, para seu sócio norueguês. Conseguiu com a operação cerca de R$ 500 milhões, mas que só vão entrar no caixa da companhia depois que os órgãos reguladores aprovarem a operação.
O maior problema financeiro da Engevix está no Estaleiro Rio Grande, onde é sócia de grupos japoneses. Parte da operação também tem como acionista o fundo de pensão da Caixa (Funcef). O estaleiro precisa de US$ 300 milhões (R$ 900 milhões) de injeção de recursos para continuar operando.
Os contratos do estaleiro chegam a cerca de R$ 15 bilhões, em fornecimento de plataformas para a Petrobrás e também em acordos com a Sete Brasil, empresa criada para gerenciar a compra de navios-sonda para a exploração do pré-sal e que desde novembro do ano passado está sem pagar pelos contratos. Somente da Sete Brasil, o Estaleiro Rio Grande tem R$ 250 milhões a receber. Mas foi a suspensão do financiamento do Fundo de Marinha Mercante, de R$ 500 milhões, que complicou o caixa da empresa, segundo o sócio da Engevix, José Antunes Sobrinho.
Para conseguir os US$ 300 milhões para continuar operando, a empresa está tentando negociar um empréstimo com o banco de desenvolvimento da China. Deve ainda injetar capital de novos sócios e também espera fechar acordo com a Petrobrás para ter uma espécie de adiantamento de contratos. Em outra linha de atuação, a empresa tenta ainda fechar um acordo de leniência com a Controladoria-Geral da União que prevê a assunção de culpa nos casos de corrupção em contratos com a Petrobrás e o pagamento de multas. Esse acordo poderia reabrir o mercado de crédito.