A Schahin Petróleo & Gás tentará reverter a rescisão de seus cinco contratos de afretamento de sondas de perfuração com a Petrobras. O grupo brasileiro elabora uma carta para petroleira contra-argumentando a decisão, tomada no final da semana passada. Os contratos somavam cerca de US$ 5 bilhões e foram firmados entre 2006 e 2008, e tinham validade de 2016 a 2022.
A Schahin continuará respondendo apenas pela operação do navio-sonda Vitoria 10.000, que pertence à Petrobras. A rescisão atingiu as semissubmersíveis Pantanal e a Amazônia e os navios-sonda SC Lancer, Cerrado e Sertão, que pertencem hoje a um pool de bancos financiadores.
A notícia do cancelamento surpreendeu o mercado já que um dos bancos credores das sondas é o ICBC, grupo chinês que esteve em comitiva no Brasil, assinando, no Palácio do Planalto, acordo de cooperação com a Petrobras para criação de relacionamento de longo prazo.
O fim do contrato foi determinado quase 60 dias depois que a Shahin paralisou as cinco sondas, alegando dificuldade empresariais e financeiras para dar continuidade à operação por conta da crise enfrentada. A dívida do grupo Schahin com credores e fornecedores gira entorno de R$ 12 bilhões.
Com a Petrobras enxugando sua carteira de projetos e tendo que cortar custos, é praticamente certo que a petroleira não reconsidere a decisão de cancelar os contratos. Hoje, a petroleira conta com uma frota de 52 sondas, não incluídas as 28 sondas da Sete Brasil – e vem optando, na maioria dos casos, por não renovar os contratos que estão vencendo.
Fontes consultadas pela Brasil Energia Petróleo consideram que a frota atual da Petrobras é suficiente para tocar seus projetos e que neste momento a rescisão assegura uma economia expressiva, já que a suspensão destes contratos deve significar um não desembolso de algo por volta de US$ 2 milhões/dia, considerando todos os custos envolvidos com outras empresas e serviços associados.
A decisão da Petrobras de rescindir os contratos das sondas da Schahin Petróleo & Gás complicada ainda mais a situação da Schahin, que está em processo de recuperação judicial e enfrenta problemas financeiros há cerca de quatro anos, tendo tido o nome da construtora envolvido em denúncias do esquema de corrupção na Petrobras. Sem contratos, as unidades de perfuração da empresa, financiadas por brancos estrangeiros, perdem valor no mercado e devem ser colocadas em stand-by, a exemplo de outras dezenas de sondas paradas por conta da queda do mercado.
Em nota, a Schahin informou que tentará reverter na Justiça o cancelamento dos contratos das cinco sondas. O grupo calcula que o encerramento do afretamento causará prejuízo superior a US$ 4 bilhões e que não há razão válida para a rescisão por parte da petroleira.
A Petrobras informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a decisão de romper o contrato com a Schahin foi motivada pelo descumprimento contratual e tem fundamento contratual expresso.