O vice-presidente do Estaleiro Mc Laren Maurício Almeida analisa o momento difícil que atravessa a indústria naval alertando as autoridades que o Estado do Rio de Janeiro possui os principais estaleiros do nosso País há mais de um Século e forma o maior cluster da nossa Federação neste setor. Diz ele que ações urgentes são necessárias no sentido de expor à Petrobras a capacidade de trabalho deste cluster, “sob pena de não o fazendo, os atuais e futuros projetos serem contratados no exterior”.
Ao falar do cluster, Maurício destaca cada uma das empresas: Estaleiro Mc Laren; 2. Estaleiro Mauá; 3. Brasa (ex CEC); 4. Estaleiro Aliança (ex EBIN); 5. Estaleiro Renave / Enavi, todos em Niterói; 6. Keppel (ex Verolme) em Angra dos Reis; 7. EISA (ex EMAQ); 8. Rio Nave (Ex Caneco); 9. Estaleiro Inhaúma, administrado pelo consórcio Enseada (ex ISHIBRAS) estes três, no Rio de Janeiro. Maurício Almeida afirma que todos os estaleiros por ele citados estão implantados, licenciados e em condição de atender a demanda da Petrobras, quer seja para construção de FPSO, navio sonda ou PSV / AHTS / Pipe Line.
Ao seguir sua análise o empresário diz que o Governo Federal fomentou nos últimos dez anos a construção de diversos estaleiros fora do Rio de Janeiro em outros estados: 1. Estaleiro EAS, em Recife; 2. Estaleiro Vard, em Recife; 3. Estaleiro Enseada do Paraguaçu, na Bahia ( em construção ); 4. Estaleiro Jurong – em Aracruz no Espírito Santo (em construção); 5. Estaleiro ENGEVIX – no RS; 6. Estaleiro ERB, no Rio Grande (em construção); 7. Estaleiro QGI, no Rio Grande. Maurício explica que “todos os estaleiros construídos ou em construção fora do Rio de Janeiro ou estão com sérios problemas para serem finalizados e todos os que estão prontos, sem exceção, tem dificuldades para concluir seus contratos com a da Petrobras”. Cita como exceção o Estaleiro Vard que está no segmento de construção de embarcações. “Em contrapartida, os dois únicos estaleiros que conseguiram obras de construção offshore no Rio de Janeiro têm uma história de sucesso entregando o contrato dentro do preço, com qualidade e no prazo acordado que são a Keppel e o Brasa. Tal façanha é simples de ser explicada: 1. Estão 100% prontos não requerendo investimentos de implantação; 2. Já operam há décadas nos lugares onde estão instalados; 3. Possuem mão de obra abundante; 4. Seus principais fornecedores estão bem próximos. Para Maurício,” quando da retomada da indústria naval e offshore o País teve uma visão míope e saiu criando sete novos estaleiros que requeriam investimentos altíssimos, mesmo com apoio dos governos estaduais onde estavam localizados, como dragagem e doações de terrenos. Essa ação foi em detrimento dos nove estaleiros do Rio de Janeiro de apenas onde apenas dois que receberam obras. Este foi um erro estratégico.
A hora é agora de recomeçarmos da forma correta. Os governos federal, estadual e dos municípios do Rio de Janeiro e Niterói necessitam criar uma agenda única de forma a colocar contratos no estado do Rio de Janeiro e atendermos à Petrobras. “As encomendas excedentes devem ser passadas para outros estados na medida em que concluírem e sanearem financeiramente seus estaleiros”. Cita como exemplo o próprio estaleiro Mac Laren que em suas unidades da Ilha da Conceição e da Ponta da Areia possuem capacidade para construir simultaneamente um FPSO, uma vez que tem um cais de 500 metros e área livre suficiente para construir 12 módulos simultaneamente, da mesma forma como o Brasa faz hoje.” Outros exemplos são o estaleiro Rio Nave e Renave / ENAVI que tem disponibilidade para construir simultaneamente dezenas de módulos. Podemos citar diversas formas e arranjos mas, o que não podemos deixar é que estes contratos saiam para Ásia como já está acontecendo. Se a preocupação é com a “ tecnologia” basta colocar no conteúdo local que os nossos estaleiros devem buscar um parceiro internacional, finaliza Maurício.