As dívidas na cadeia de produção da Petrobras atingiram em cheio Rio Grande (RS). Cerca de 10% da população do município estava empregada em três estaleiros em crise. As demissões vão levar uma comitiva de políticos da cidade de 200 mil habitantes à Petrobras na segunda (8), a fim de evitar a paralisação total das obras.
A cidade abriga os estaleiros Honório Bicalho, do consórcio QGI, formado por Queiroz Galvão e Iesa, e o ERG (Estaleiro Rio Grande), da Ecovix, os quais estão com dificuldades para entregar suas encomendas e acumulam dívidas com fornecedores.
Segundo relatório da Abimaq, a Ecovix, braço de construção naval da Engevix, tem R$ 65,7 milhões de dívidas com fabricantes de equipamentos. É a maior dívida entre as empresas da lista da associação.
O ERG tem contratos para construir oito cascos para as chamadas plataformas replicantes (de projeto idêntico), da P-66 a P-73, que vão operar no pré-sal. As obras estão paradas porque uma parcela do financiamento de R$ 200 milhões com recursos do Fundo de Marinha Mercante não foi liberada pela Caixa.
Já o consórcio QGI tem R$ 26,8 milhões em dívidas com seus fornecedores no processo de construção das plataformas P-75 e P-77. A obra está parada devido a impasse entre as partes sobre o valor de aditivos.
Crise em cadeia
As empresas contratadas pela Petrobras têm dívidas de mais de R$ 400 milhões com seus fornecedores. As dívidas dos prestadores de serviço com fornecedores até abril no item equipamentos já entregues e não pagos estava em R$ 258,9 milhões e em equipamentos encomendados mas não entregues totalizava R$ 152,6 milhões. Entre os maiores devedores estão Ecovix (R$ 65,7 milhões), Consórcio Integra formado pelas empresas Mendes Junior e OSX (R$ 64,1 milhões) e Consórcio UFN 3 formado pela Sinopec e Galvão Engenharia (R$ 34 milhões). Os grandes devedores são grandes construtoras, empreiteiras e empresas de engenharias (EPCisas) e ainda estaleiros com contratos firmados com a Petrobras, parte delas envolvidas na Operação Lava Jato. As obras com maiores volumes de dívidas são as Refinarias Abreu e Lima (PE); fábrica de fertilizantes UFN3(MS) e plataformas replicantes espalhadas por diversos estaleiros.
Na cadeia de fornecimento a Petrobras contrata empreiteiras para tocar as grandes obras e essas subcontratam bens e serviços de fornecedores menores. Cerca de cem fabricantes de máquinas e equipamentos para o setor de óleo e gás são os credores. No momento a Petrobras está revendo contratos e as empresas não pagam seus fornecedores. Muitas construtoras estão em recuperação judicial ou travadas pela Lava Jato e o que vem sendo feito é algumas empresas negociam para que a Petrobras pague diretamente aos fornecedores.