A produção de petróleo no pré-sal do Brasil ultrapassou pela primeira vez os 700 mil barris por dia, fazendo o país terminar de uma forma positiva uma semana marcada por indicadores econômicos negativos.
“A produção do pré-sal, oriunda de 49 poços, foi de 715,1 mil barris por dia de petróleo e 27,1 milhões de metros cúbicos por dia (m³/d) de gás natural, totalizando 885,3 mil barris de óleo equivalente por dia, um aumento de 6,3% em relação ao mês anterior”, lê-se no Boletim da Produção de Petróleo e Gás Natural, divulgado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Brasil.
O documento, que revela um aumento da produção total petrolífera de 11,6%, para 2,98 milhões de barris por dia, quando comparada com abril do ano passado, embora com uma ligeira redução de 0,8% face ao mês anterior, faz o Brasil terminar a semana com uma nota positiva, dado que o setor de pré-sal, uma espécie de camada por baixo do fundo do mar, é encarado como fundamental para manter a produção brasileira na casa dos 3 milhões de barris por dia.
A semana, de resto, foi marcada pela previsão de recessão para este ano, divulgada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que antevê uma contração de produto brasileira na ordem dos 0,8%, seguida de uma recuperação de 1,1% em 2016.
“A economia deverá contrair-se este ano, mas uma lenta recuperação deve acontecer gradualmente a partir do final deste ano, alimentada inicialmente pelo fortalecimento das exportações, que serão alicerçadas pela desvalorização do real”, escrevem os peritos da OCDE no relatório.
O capítulo dedicado ao Brasil mostra que a OCDE prevê uma recessão de 0,8% este ano e um crescimento de 1,1%, ligeiramente mais otimista que o Fundo Monetário Internacional, que antevê uma contração de 1% em 2015 seguida de uma recuperação idêntica no ano seguinte.
“O desempenho orçamental deteriorou-se e a inflação subiu significativamente, por isso reconstruir a confiança em políticas macroeconômicas continua a ser a prioridade”, escrevem os analistas, sublinhando que há um conjunto de medidas positivas tomadas nos últimos tempos pelo novo Governo brasileiro.
“Os recentes compromissos do governo relativamente ao ajuste orçamental criam as bases para um fortalecimento do crescimento”, lê-se no relatório, que especifica que “os recentes ajustamentos aos benefícios sociais, a redução do apoio aos bancos públicos e aos preços da eletricidade são uma correção às distorções do passado e são importantes iniciativas do lado da oferta”.
Por outro lado, acrescentam, “o lançamento de uma nova ronda de concessões, especialmente nos transportes, é essencial para lidar com os gargalos ao desenvolvimento e promover um crescimento mais amplo”, assim como também é de aplaudir “o reinício das negociações comerciais com a União Europeia e o início de um acordo de comércio livre abrangente com o México”.