A expectativa da Sete Brasil é que a Petrobras assine até o fim desta semana o novo plano de negócios da empresa, que reduziu de 29 para 19 o número de navios-sonda que serão produzidos. A formalização será possível agora que a estatal finalizou e divulgou a revisão de seu próprio plano de negócios – prioridade recente.
O Valor apurou que a direção da Petrobras havia dado o aval ao modelo de reestruturação, já aprovado por acionistas e credores. Mas o novo plano ainda não tem a assinatura da estatal. O projeto prevê o término de 19 unidades, sendo que 15 ficam com a Sete.
Após encontrar meios de readequar sua estrutura financeira, a Sete e o BTG Pactual, um de seus principais acionistas, trabalham numa injeção de capital no negócio. Investidores potenciais já sinalizaram com a disposição de colocar US$ 1,2 bilhão.
Os recursos devem vir de novos sócios, que não estão nem na base de credores, nem de acionistas da Sete. O percentual que esse valor significa em participação na Sete, porém, é mantido a sete-chaves – ponto crucial em negociação.
A expectativa de concluir a reestruturação em outubro está mantida. Mas fonte envolvida com o projeto admite que a prisão do empresário Marcelo Odebrecht, presidente do grupo que leva o nome da família, no dia 15, trouxe ruídos às conversas.
Na mensagem, eles tratam sobre cobrar “sobre-preço” de US$ 20 mil a US$ 25 mil dia por navio para operá-lo.
Diante da delicadeza do tema e repercussão internacional da Lava-jato, a Sete fez até mesmo viagens para que as dúvidas fossem dissipadas pessoalmente. O entendimento de pessoas próximas à Sete – e apresentado aos potenciais investidores – corrobora a explicação da Odebrecht para a palavra “sobre-preço” – como margem de lucro.
No novo plano da Sete Brasil, a Petrobras não deve mexer na tarifa que paga ao dia por navio em operação – US$ 460 mil. Essa é a única receita que a companhia possui.
A expectativa da Sete Brasil é que a Petrobras assine até o fim desta semana o novo plano de negócios da empresa, que reduziu de 29 para 19 o número de navios-sonda que serão produzidos. A formalização será possível agora que a estatal finalizou e divulgou a revisão de seu próprio plano de negócios.
Com essa tarifa, deve ser capaz de pagar sua estrutura empresarial, dívidas da construção das sondas pelos estaleiros, custos de operação, taxa de operação e ainda formar um colchão de segurança.
Hoje, o custo médio contratado pela Sete com os cinco operadores para as suas sondas é de US$ 23 mil diários por embarcação.
A Sete foi criada para ficar com as sondas, mas não para operá-las – ela contrata um especialista. O operador cobra da Sete todo o custo de manutenção, mais uma tarifa fixa pelo serviço de gestão. Esse seria o “sobre-preço” (adicional ao custo) a que Odebrecht se referia.
Há dificuldade de se comparar esse valor com a indústria internacional. O modelo da Sete é pouco trivial no setor, apesar de ser usado em portos e no ramo de energia.
A existência da Sete tornou viável a construção das sondas para exploração do pré-sal. A Petrobras não tinha em 2010 – nem tem hoje – balanço com folga suficiente para admitir o investimento necessário, estimado no início em US$ 25 bilhões. O valor atualizado está em US$ 12 bilhões, após a redução das sondas e novo desenho.
Os US$ 460 mil pagos à Sete pela Petrobras estão acima da média atual internacional, que hoje ronda a casa dos US$ 300 mil, conforme o Valor apurou.
A estatal, para tornar viável a criação da Sete, assinou contrato com esse valor por 15 anos, quando o normal na indústria são acordos de três a cinco anos. O mercado de aluguel de sondas é “altamente especulativo”, segundo pessoa próxima à Sete. A Petrobras sabia que prazo tão longo implicaria no risco de, por alguns períodos, pagar valor acima do mercado. Mas o gasto seria compensado pelo tempo em que o preço ficaria abaixo da média do preço à vista.