A Sete Brasil, em dificuldades financeiras desde o fim do ano passado, tem hoje uma situação de caixa ajustada, com recursos disponíveis para fazer frente às despesas gerais e administrativas até o começo de 2016. Criada para gerir a construção e operação de um portfólio de sondas para a Petrobras, dispõe hoje de um caixa de cerca de US$ 100 milhões, semelhante ao fim do ano passado.
O saldo permite manter a empresa funcionando, com seus cerca de 100 funcionários. Em 2014, as despesas administrativas somaram R$ 144 milhões. Com o avanço das sondas no aguardo da reestruturação financeira, tem apenas seus gastos como holding. Desde novembro de 2014, não há repasse aos estaleiros, para as sondas.
A situação de caixa “mínimo” faz o tempo correr contra a Sete. A empresa tenta amarrar um plano para refinanciar suas dívidas – para isso levantou US$ 4 bilhões novos – até outubro. Superada a parte dos débitos, poderá então levantar novo capital.
No momento, se tudo der certo, o dinheiro novo deve entrar muito perto do momento em que o caixa ficará apertado, em 2016. No fim de 2014, a Sete Brasil tinha em caixa R$ 412,4 milhões, 60% a menos do que o R$ 1 bilhão registrado em 31 de dezembro de 2013. Além das despesas administrativas, no ano passado, a empresa desembolsou R$ 308,8 milhões com juros de empréstimos – 76% mais do que em 2013. Nesse momento, apesar das dificuldades, não se cogita demissões. Há intenção, inclusive, de contratar um executivo para a área de finanças. Procurada, a Sete Brasil não se manifestou.
O BTG Pactual, principal acionista, vem atuando para buscar US$ 700 milhões como novos investidores neste ano. Em quatro anos, a necessidade total é de US$ 1,2 bilhão. A empresa trabalha numa proporção entre capital e dívida de 20% para 80%.
A expectativa é de que investidores da China ou do Japão, ou de ambos os países, possam entrar na Sete. Estaleiros de Cingapura, como o Keppel Fels e o Jurong, contratados para construir parte das sondas no Brasil, também podem participar no negócio.
O estaleiro Brasfels, da Keppel em Angra dos Reis (RJ), e o estaleiro da Jurong, no Espírito Santo, continuam financiando a construção de sondas mesmo depois de a Sete ter interrompido os pagamentos aos estaleiros no fim do ano passado. Na ocasião, a Sete não recebeu financiamento que esperava do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) após a companhia ser envolvida nas denúncias da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal.
Antes de fechar a capitalização, existem, porém, etapas a serem cumpridas pela Sete Brasil dentro do processo de reestruturação da empresa. Será preciso ter aprovado o plano da “nova” Sete pelo conselho de administração da Petrobras, sócia e cliente única da companhia, e chegar a um acordo final com bancos credores em torno do refinanciamento da dívida da companhia. A previsão é que o acordo em torno da nova Sete esteja concluído em outubro. Do portfólio original de 29 sondas, orçadas em US$ 25 bilhões, a Sete deverá encomendar 19 sondas.
Segundo fontes ouvidas pelo Valor, não há otimismo na companhia. “Possíveis investidores ainda não acreditam que a Petrobras irá honrar os contratos”, disse uma fonte. Mas há também quem acredite que a estatal cumprirá.
Mas, conforme o Valorapurou, não há dúvidas a respeito das 19 sondas que serão continuadas, mas há muitos detalhes ainda em debate, em especial sobre a potencial transformação da Sete numa operadora das Sondas.