As dez sondas que a Sete Brasil deixa para trás, por conta da reestruturação, estão registradas em seu balanço por R$ 7 bilhões. Como não serão finalizadas, o valor dos ativos não mais será capturado e o balanço terá de ser ajustado.
Ao fim do ano passado, o ativo total da Sete somava R$ 24 bilhões e seu patrimônio líquido estava em R$ 7,95 bilhões.
A perda com essas sondas será absorvida apenas pela própria Sete Brasil, conforme apurou o Valor. O projeto original, contratado e licitado, era de 29 navios-sondas, mas foi reduzido para 19 dentro da reorganização dos negócios.
A reorganização foi estruturada de forma a não resultar em ajustes no balanço dos bancos, pois o valor de face das dívidas, US$ 3,6 bilhões, será preservado.
A crise na empresa foi gerada após o BNDES não fornecer os recursos que havia se comprometido. A Sete teve na largada uma carta do banco que a tornava elegível para contratar R$ 9,3 bilhões.
Na prática, as 19 sondas terão de gerar o retorno de sua construção e do investimento perdido nas dez que ficaram para trás – o que seria possível pela extensão do prazo para pagamento dos recursos. Fonte que acompanha de perto a definição do futuro da Sete afirma que tudo está sendo montado para que os acionistas não percam o valor investido. A ideia é que o capital dos sócios seja integralmente preservado. O retorno é que fica “infinitamente menor”. Os acionistas colocaram R$ 8,25 bilhões.
Conforme o Valor apurou, o ajuste no balanço deve ser feito ao fim da reorganização, que tem várias etapas, incluindo possível capitalização por novo sócio. A perda não será o valor integral registrado. A intenção é reaproveitar estruturas e materiais de sondas em estágio avançado naquelas cujas construções estejam em fase anterior. A meta é reduzir o prejuízo. Assim, não é possível estimar a baixa que a Sete Brasil terá de apresentar.
Na prática, significa que os ativos cancelados terão de ser retirados do balanço. O valor registrado ao fim de 2014 reflete os investimentos já realizados na construção das dez sondas em questão. Pelo caminho, ficaram todas as sete sondas do Estaleiro Atlântico Sul (EAS), duas do Enseada e uma do Estaleiro Rio Grande (ERG). Mas a paralisação do EAS não foi uma decisão da Sete e veio antes do plano de reestruturação. O estaleiro anunciou o fim antecipado do contrato com a crise de liquidez. O acerto de contas terá de ser negociado e pode haver litígio. Só o EAS tem R$ 5,7 bilhões dos ativos.
Em janeiro, a Sete foi capitalizada em R$ 1,9 bilhão pelos acionistas. O BTG Pactual (um dos principais sócios) trabalha com a Sete para obter cerca de US$ 700 milhões com novos investidores.
A expectativa é que o conselho de administração da Petrobras aprove a ‘nova Sete’ em reunião do no próximo dia 27. Até o momento, o assunto não consta da pauta oficial do colegiado. A diretoria deixou o tema para o conselho.
Como a dívida existente será mantida, é esperado um ajuste no patrimônio líquido. A redução do patrimônio não deve ser a mesma do valor da provável baixa, pois há o “desconto” do efeito tributário. Além disso, o plano idealmente prevê a venda das quatro sondas do Enseada, avaliadas, no atual estágio, em US$ 600 milhões. E o financiamento para terminar outras quatro será feito diretamente por dois estaleiros.
A Sete tem planos, em análise, de montar uma joint-venture para entrar no ramo de operação de sondas. Até 14 de agosto (fim do prazo dado pelos bancos), os comitês de crédito das instituições envolvidas devem dar seu aval. Então, a assembleia de acionistas da Sete votará a reestruturação – entre o fim de agosto e começo de setembro. Só aí pode ocorrer uma capitalização. A reorganização, pela complexidade, não deve ser concluída antes de outubro.