Na primeira vez em que foi a sede da competição, o Brasil apresentou seu melhor desempenho e conquistou também o primeiro lugar no ranking da 43ª edição da WorldSkills, maior competição de ensino profissional do mundo. A delegação brasileira, formada por 56 jovens profissionais entre 16 e 22 anos de idade, levou 27 medalhas: 11 de ouro, 10 de prata e 6 de bronze, além de 18 certificados de excelência. O time brasileiro ocupou o lugar mais alto do pódio, seguido da Coreia do Sul, França, Japão e Taiwan.
O ouro para a equipe brasileira veio nas seguintes modalidades: aplicação de revestimento cerâmico, caldeiraria, desenho mecânico em CAD, instalações elétricas prediais, joalheria, polimecânica e automação, soldagem, tecnologia automotiva, tecnologia da moda, tecnologia de mídia impressa e web design.
Durante a competição, a rotina dos competidores exigiu disciplina olímpica. As provas duravam de quatro a oito horas e, depois de cada uma, cada participante voltava para o hotel para planejar a estratégia do dia seguinte e dormir cedo.
Para a maioria dos jovens da delegação brasileira, a competição da WorldSkills é o maior desafio estudantil e profissional de suas vidas. É o caso de Thiago Augusto Blanco da Costa, de Bauru (SP), ganhador da medalha de ouro na aplicação de revestimentos cerâmicos. Ele começou a estudar com 16 anos, quando fez um curso de técnico em edificações pelo Senai. Para disputar, e conquistar, o título de melhor aplicador de revestimentos cerâmicos do mundo, venceu as etapas estadual e nacional da Olimpíada do Conhecimento em 2013 e 2014. Desde setembro do ano passado, mudou-se para Brasília, onde passou por cerca de 311 mil horas de preparação.
O campeonato, sediado pela primeira vez na América Latina, reuniu jovens de 62 países do mundo, formados em cursos técnicos de 50 ocupações. A competição aconteceu entre 12 e 15 deste mês no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo. Nas provas, os competidores simularam desafios de suas profissões cumprindo padrões internacionais de qualidade e prazos pré-estabelecidos. A premiação, com direito a pódio e medalhas, aconteceu domingo no ginásio do Ibirapuera.
O desempenho do Brasil foi o melhor desde que começou a participar da competição, em 1983. Em 2011, o Brasil havia conquistado o 2º lugar — a melhor posição até então. A Coreia foi campeã. Na edição anterior, em Leipzig, Alemanha, em 2013, o Brasil havia conquistado 12 medalhas.
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“Eu acordava às seis da manhã, e treinava 8 horas por dia. Houve vezes em que saía à meia-noite”, afirma o campeão. No treinamento, ele cumpria uma tarefa repetidamente e era avaliado por seus professores em critérios como prumo, direção, alinhamento, agilidade e acabamento. Na prova que deu a Thiago o título de campeão, o desafio era montar um mosaico em alto relevo que retratava o Cristo Redentor.
“Quando estou fazendo a prova, não consigo olhar para o lado”, diz Thiago. Segundo ele, um aplicador de cerâmica que trabalhe das 8h às 18h, de segunda a sábado, consegue um salário, em média, de R$ 6 mil a R$ 7 mil por mês. “Gosto muito do que faço e confio no meu trabalho”, diz.