O plano de construção de embarcações de apoio marítimo à indústria de petróleo e gás da Brasil Supply avançou um pouco mais. Dos 17 navios encomendados pela Petrobras, seis já foram entregues, três foram lançados nas últimas semanas e oito estão em fase adiantada de construção. No total, mais de R$ 800 milhões foram investidos e a previsão é de que todos os cargueiros sejam concluídos até 2017, como previsto.
As embarcações serão utilizadas no apoio à extração de petróleo no Brasil. Construídas em estaleiros nacionais, elas integram o Plano de Renovação da Frota de Embarcações de Apoio Marítimo (Prorefam) da Petrobras. Para atender à demanda, a Brasil Supply captou, em 2009, mais de R$ 800 milhões em financiamentos junto ao Fundo de Marinha Mercante (FMM).
Nas duas últimas semanas, a empresa fez três entregas de barcos. A primeira foi a do BS Jericoacoara, ocorrida no último dia 16, na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. Ele pode transportar até 4,5 mil toneladas, entre cargas, combustível, água potável, provisões e tripulação. Sua principal utilização será no transporte de fluidos de completação e perfuração para poços de petróleo.
O BS Jericoacoara deve entrar em operação no ano que vem. Sua base será em Macaé (RJ) e ele atuará na Bacia de Santos, atuando na distribuição de fluidos e granéis líquidos e contribuindo para o desenvolvimento da exploração e da produção petrolífera. Com tripulação de 16 marítimos, ele pode levar mais seis passageiros.
Na última quinta-feira (27), foi realizada a cerimônia que oficializou a entrada em operação da BS Iporanga, na Ilha Fiscal, no Rio de Janeiro. Trata-se de um FSV (Fast Supply Vessel, navio de abastecimento rápido), com foco no transporte de carga. A embarcação, de alta velocidade, garante grande mobilidade para as equipes da Petrobras em alto mar. Construída pelo estaleiro Arpoador, em Guarujá, terá como base a Baía de Guanabara e atenderá, principalmente, as atividades da Bacia de Santos.
Já na sexta-feira (28), em Guarujá, houve a entrega do BS Ubatuba, que também faz parte do plano de investimento da armadora. Ele tem capacidade de transportar até 4 mil toneladas de suprimentos, que serão utilizados nas atividades de extração de petróleo.
O diferencial dessas embarcações é a capacidade de transportar grandes volumes de cargas líquidas e, devido à quantidade de tanques de armazenagem, até quatro tipos delas. Elas conseguem levar simultaneamente lama sintética, lama à base de óleo, lama à base de água e salmoura. E também utilizam o que há de mais moderno em termos de tecnologia e sistemas de navegação e comunicação.
O BS Jericoacoara foi lançado pela Brasil Supply na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro.
Mercado
Mesmo com a crise no setor e os problemas enfrentados pela Petrobras, tanto os financeiros como aqueles em decorrência das investigações da operação Lava Jato, o presidente da Brasil Supply, José Ricardo Roriz, segue otimista e garante que essas questões não afetarão a entrega dos navios em construção.
“Os nossos negócios são na área (de extração) em que a empresa manteve os investimentos. Dizem que esta é joia da coroa da Petrobras e, embora tivesse redução, seria a área de menor corte, até porque é a mais rentável”, disse Roriz.
Mesmo assim, o executivo admite que o momento é ruim para o mercado. “Sem dúvida nenhuma, há uma crise instalada. O setor de petróleo e gás passa por um momento difícil. São dois fatores que contribuem para isso: tem a questão importante da Lava Jato e também o problema do preço (do petróleo) no mercado internacional, que caiu bastante”.
Roriz explica que todas as embarcações estão sendo contratadas por um período de oito anos, que pode ser renovado pelo mesmo prazo. No entanto, após essa fase de investigações e de crise no setor, as perspectivas são boas.
“Eu acredito que, a médio prazo, a tendência é a Petrobras se tornar uma empresa menor, mas mais saudável e ainda mais rentável. Essa questão da Lava Jato já estará encaminhada e dimensionada”, destacou o presidente da Brasil Supply.
Saída
Segundo Roriz, para enfrentar a crise pela qual passa o País, é preciso acreditar e continuar investindo. Assim, será possível manter os postos de trabalho e apostar no médio e também no longo prazo. O plano da armadora é se consolidar no mercado como um fornecedor confiável para operações seguras e de baixo custo.
“Com a construção desses navios, geramos mais de 4 mil empregos. É importante para o Brasil, que está com poucos investimentos e o mercado praticamente parado, que se mantenha o ritmo de crescimento”, afirmou.