Após comprar o controle acionário da empresa brasileira de rebocadores Transmar, a Svitzer, do grupo Maersk, começa a deslanchar o programa de investimentos no Brasil. A Svitzer do Brasil, nome que a nova empresa está paulatinamente adotando, encomendou quatro rebocadores de última geração ao estaleiro Indústria Naval do Ceará (Inace).
O contrato é de R$ 100 milhões e integra o plano de investimento de mais de R$ 200 milhões que a companhia irá fazer para dobrar a frota de rebocadores no Brasil para 20 unidades até o fim de 2016. Hoje são dez, herdados da Transmar. Os rebocadores são espécies de empurradores que ajudam nas manobras de embarcações maiores, como navios.
“Vemos grande potencial de crescimento na operação brasileira. A estimativa de crescimento do faturamento no Brasil para os próximos anos é de 50%”, disse o diretor administrativo da Svitzer Américas, Martin Helweg. Ele não informou a receita prevista. Segundo o diretor de operações da Svitzer do Brasil, Tarik Darian, a crise econômica por que passa o Brasil não muda os planos da companhia para o país. “Sempre haverá espaço para a qualidade. Onde os outros veem crise vemos oportunidade. Vamos continuar famintos”, disse. A aquisição da Transmar ocorreu em maio.
Com a nova família de rebocadores, a empresa tem intenção de expandir a atuação no país, hoje concentrada nos portos do Rio de Janeiro e de São Francisco do Sul (SC) e nas bacias petrolíferas de Campos (RJ) e do Espírito Santo. “Há espaço para um novo operador no Brasil”, disse Darian. Daqui para frente, a expansão será de forma orgânica e não via aquisição de empresas. A intenção é prestar serviço de rebocagem no Norte, Nordeste e Sudeste, afirmou o executivo, sem especificar os portos.
O desembolso para construção dos novos rebocadores é do próprio caixa da empresa, sem financiamentos. O estaleiro onde serão feitas as outras seis unidades ainda não está definido, mas o Inace tem a preferência da empresa. Entre as inovações dos novos rebocadores em construção está um sistema de um piso flutuante que evita que o marítimo sinta o motor, fruto de um tratado internacional de bem estar dos profissionais marítimos do qual o Brasil ainda não é signatário. A Svitzer tem unidades na Europa, Ásia, Austrália, África e Américas, reunindo mais de 430 embarcações. A entrada no Brasil faz parte da estratégia da empresa de apostar em mercados emergentes, onde há espaço para a melhora do serviço.
A aquisição da Transmar integra um ciclo de investimento do grupo dinamarquês Maersk de US$ 4 bilhões no Brasil. O conglomerado, cujo carro-chefe é o armador Maersk Line, o maior transportador de contêineres do mundo, emprega mais de 6,8 mil pessoas na América Latina, sendo 2 mil no Brasil.