A GE tem investido no País para produzir localmente máquinas e equipamentos para a exploração de petróleo no Brasil. O País, segundo o diretor executivo da GE Oil & Gas, Adriano Bastos, é considerado um dos mercados mais promissores do mundo pela empresa, que investiu mais de 300 milhões de dólares na área para reforçar sua presença e ampliar a gama de serviços e produtos.
CartaCapital – A queda do preço do petróleo afetou os negócios da GE no Brasil? Vocês esperam que ela possa ter impacto sobre o desenvolvimento da camada pré-sal pela Petrobras e por outras empresas?
Adriano Bastos – Nós estamos, realmente, vivendo um período desafiador na indústria de óleo e gás. Embora haja um caráter cíclico no mercado, em que existem momentos de investimentos seguidos por períodos de otimização, nós não podemos ainda detalhar como o setor se comportará no futuro, então estamos tomando todas as medidas necessárias e observando com atenção como podemos nos aproximar de nossos clientes para que possam adequar custos e melhorar processos de eficiência. O Brasil continua sendo um mercado essencial para a GE e nós prevemos um futuro promissor já que há uma demanda crescente por energia e infraestrutura, especialmente na área do pré-sal. Além disso, o País tem uma série de características que o fazem um dos locais prioritários para receber novas tecnologias.
CC – Como a GE está investindo para ganhar mercado no Brasil?
AB –Entre os 160 países em que temos operações no mundo, nós selecionamos o Brasil, mais especificamente a Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro, para sediar nosso nono centro de tecnologia e inovação, sendo o primeiro desses na América Latina. A escolha considerou vários pontos: potencial de desenvolvimento local, qualificação da mão de obra, oportunidades no setor de infraestrutura, a maturidade dos negócios da GE no Brasil e a forte relação com seus clientes. Para criar inovação e trazer soluções que podem atender às demandas da indústria local, a área de óleo e gás investiu 20 milhões de dólares em um laboratório marítimo com foco na pesquisa de petróleo.
Adriano Bastos, diretor da GE Oil & GasCC – A GE pretende ampliar investimentos em sua capacidade no país?
AB – Nos últimos quatro anos, a empresa investiu cerca de 300 milhões de dólares no mercado brasileiro para aumentar sua presença no País e oferecer uma ampla gama de produtos para os clientes no mercado de óleo e gás local. Os investimentos incluem 200 milhões de dólares para expandir a fábrica de tubos e risers flexíveis submarinos, localizada em Niterói (RJ). Outros 62 milhões de dólares foram direcionados para elevar a capacidade de produção e modernizar as unidades de Jandira (SP) e Macaé (RJ), responsáveis pela fabricação e manutenção dos equipamentos usados na perfuração e produção de petróleo. Em 2013, abrimos a mais moderna base logística no Brasil, em Niterói (RJ), para podermos atender à crescente demanda local. Com 55 mil metros quadrados, seu objetivo é carregar e descarregar navios de perfuração que levam pesados equipamentos para a exploração de petróleo.
CC – Como outros países, o Brasil adotou uma política de conteúdo local, para fomentar o desenvolvimento de uma indústria local de fornecedores. Como a GE está trabalhando para seguir a legislação? Está nacionalizando equipamentos? Há exemplos nesse sentido?
AB – Grande parte da linha de equipamentos da GE é feita no Brasil. Todas as nossas unidades de óleo e gás buscam atender aos requisitos regulatórios locais. Com investimento de 20 milhões de dólares, iniciamos operações de packaging e testes no Brasil de equipamentos de turbomáquinas, como turbinas a gás de geração, compressores de motores e compressores de turbinas a gás. A nova operação fornece o principal equipamento de turbomáquinas para quatro plataformas flutuantes em operação na área de cessão onerosa nos campos de pré-sal da Bacia de Santos, em São Paulo. Para elevar a produção local e atender aos requisites regulatórios, a GE Óleo e Gás iniciou a produção de selos, que garantem a vedação no interior dos sistemas de cabeça de poço e são instalados entre os diâmetros internos e externos desses sistemas que são usados no controle da pressão do óleo extraído do poço. Foram mais de 1.200 desses sistemas instalados em 30 anos no País.