A crise no polo naval da cidade de Rio Grande vai chegando ao seu pior momento. Cerca de 5.500 funcionários do Estaleiro Ecovix, que estão construindo as plataformas P-69 e P-70 para a Petrobras, pararam de trabalhar na manhã desta quarta-feira (21) em solidariedade a 280 funcionários que foram demitidos e não receberam as indenizações da empresa. A Ecovix havia acordado com o sindicato de metalúrgico local fazer 270 demissões mensais. Mas não conseguiu pagar as indenizações. O problema se agravou com o pagamento da quinzena salarial vencida ontem (20) e também não quitada. Os funcionários do estaleiro chegaram a fechar a rodovia. A Policia Rodoviária esteve no local e conseguiu reabri-la horas depois. Amanhã (22), às 7 da manhã, haverá uma assembleia geral. E se os valores não forem quitados, os funcionários prometem greve geral.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Rio Grande, Benito Gonçalves, acredita que o momento é extremamente delicado: “ O Estaleiro EBR vai receber a P-74 para fazer a integração dos módulos que está fazendo aqui em São José do Norte. Depois disso, só vai haver demissões. Não há mais negócios. Sabemos que a Petrobras está enviando obras que poderiam ser realizadas aqui para a China. Aqui só nos deixa desemprego. O cronômetro do fim do nosso polo naval está ligado e andando rápido”.
Outro problema que a cidade está enfrentando é em relação ao ainda parado Estaleiro QGI. As informações da Petrobras ainda estão muito confusas e acabam gerando insatisfações por toda parte. Numa decisão de bom senso nos primeiros dias de julho deste ano, a estatal decidiu manter a construção das Plataformas P-75 e P-77 no Brasil, no Estaleiro QGI. A decisão veio de encontro ao que toda cidade de Rio Grande, sede do estaleiro, esperava depois de muita pressão de trabalhadores e até mesmo do prefeito da cidade, que esteve no Rio de Janeiro, na sede da Petrobras, em reunião com o diretor de engenharia e serviços, Roberto Moro. Passados três meses, mesmo depois de assinado um protocolo de entendimento, nada mudou. E tudo que foi prometido, não foi cumprido. O contrato ainda está sem assinar e a cidade de Rio Grande experimentando dias de incertezas, sem que o contrato ainda esteja resolvido. O estaleiro está parado a espera de chegar tempos melhores.
Com a possibilidade de uma greve no Ecovix nesta quinta-feira (22) a situação agravou-se. Os trabalhadores que prestavam serviço para o QGI e que tiveram suas esperanças reacendidas com a decisão da Petrobras não levar mais as obras para China, decidiram se organizar para um dia de protestos contra a indecisão e indefinição da estatal. Com os acontecimentos desta quarta-feira (21) o movimento engrossou. Pelo acordo, a assinatura do contrato estava previsto para sessenta dias a partir dos entendimentos entre a estatal e o QGI. Mas já se passaram 90 dias e nada. A concentração do protesto está marcado para 17:30 hrs da próxima sexta-feira (23) e terá o seguinte tema:
“ O Petróleo é Nosso e as Plataformas Também ”.
O Consórcio QGI tentava um acordo desde fevereiro deste ano, quando decidiu parar a obra de construção das plataformas P-75 e P-77. O impasse entre a estatal e o QGI levou à rescisão do contrato para as obras no Estaleiro Honório Bicalho, provocando milhares de demissões. A principal dificuldade no acordo entre as duas companhias tinha sido a exigência por parte da QGI de aditivos no contrato. O prazo de conclusão do projeto também gerou discordância entre as duas partes. A P-75 deveria iniciar suas operações em 2016 e a P-77 no ano seguinte, mas o QGI busca programar ambas para 2017.