A Log-In, empresa brasileira especializada na navegação costeira, deverá definir nas próximas semanas o formato de um processo interno de reestruturação em curso na companhia, disseram fontes consultadas pelo Valor. Há pelo menos dois cenários sendo considerados. O primeiro prevê a entrada de um fundo de private equity estrangeiro no capital da empresa, mantendo inalterado o negócio da Log-In. Outra possibilidade é a divisão dos ativos portuário e de navegação da empresa, segundo fontes envolvidas nas negociações.
Há interessados em ficar somente com o Terminal de Vila Velha (TVV), um porto especializado em contêineres da Log-In no Espírito Santo. No mercado, há informações de que a Maersk, um dos principais armadores de contêineres do mundo, é um dos candidatos a ficar com o TVV, mas não o único. Há outros investidores estrangeiros de olho no ativo. A Maersk afirmou que “não comenta sobre especulação de mercado”.
O TVV movimentou 113,2 mil TEUs (contêineres equivalentes a 20 pés) de janeiro a junho, queda de 1,3% sobre igual período do ano passado. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) do terminal no período foi de R$ 26,6 milhões, queda de quase 41% sobre o primeiro semestre do ano passado. Outro ativo da Log-In são os navios que atuam na navegação costeira. Ao fim do primeiro semestre, a empresa contabilizava uma frota de nove navios em operação, sendo parte própria e parte afretada. A Log-In conta ainda com terminais intermodais.
Em maio deste ano, a Log-In publicou fato relevante afirmando que estava avaliando “alternativas estratégicas junto a potenciais investidores”. A BR Partners já havia sido contratada, no segundo semestre do ano passado, para atuar como assessora financeira da Log-In na operação. Procurada para falar sobre a reestruturação, a Log-In disse que não iria se pronunciar. Em entrevista publicada este ano pelo Valor, o presidente da Log-In, Vital Lopes, reconheceu que a empresa buscava capital para
investimento, mas afirmou na ocasião que a companhia não estava à venda. Na mesma entrevista deixou no ar uma interrogação ao dizer que a empresa “está à venda todos os dias” por ser de capital aberto e estar nos pregões da BM&F Bovespa.
Em 2007, quando ainda tinha a Vale como um de seus acionistas, a Log-In abriu o capital em bolsa, operação na qual captou R$ 848 milhões, e aderiu ao Novo
Mercado. A Vale vendeu sua fatia na empresa no fim de 2013. Na estrutura acionária atual da Log-In, estão presentes a gestora Fama, a Petros, o fundo de pensão da Petrobras, e o Fator, além de outros investidores, entre os quais Arbela e Lapb.
Fontes do mercado dizem que a MSC e a CMA CGM, segundo e terceiro maiores armadores de longo curso do mundo, também estudam a Log-In como forma de entrar na navegação de cabotagem brasileira, onde já atuam seus concorrentes, os grupos Maersk e Hamburg Süd, por meio da Mercosul Line e Aliança, respectivamente. Oficialmente a MSC e a CMA CGM preferiram não se pronunciar.
Recentemente, a CMA CGM e a Log-In firmaram um acordo de longo prazo no serviço Log-In Atlântico Sul, por meio do qual a companhia de origem francesa compra espaço no serviço da brasileira que escala diversos portos. O armador alemão Hapag Lloyd é outro interessado na Log-In, segundo fontes de mercado. Mas a empresa preferiu não comentar.
Nos últimos anos, a Log-In vem tentando consolidar sua operação e seus resultados. A companhia fechou o primeiro semestre de 2015 com prejuízo de R$ 130,7 milhões. O endividamento em 30 de junho era de R$ 1,6 bilhão, sendo mais de R$ 1 bilhão referente à construção de navios. No ano passado, a Log-In enfrentou dificuldades e precisou renegociar condições contratuais com o Estaleiro Ilha S.A (Eisa), do Rio, para levar adiante a construção de parte dos navios que havia encomendado e ainda não foram entregues. No começo deste mês, a Log-In divulgou comunicado informando que alongou prazos de dívida com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) relativa à construção de quatro navios.